Rio - A partir das 15h desta terça-feira, a CPI
da Câmara, que investiga supostas irregularidades no futebol brasileiro, vai
ouvir os depoimentos do presidente da Comissão Nacional de Árbitros, Armando
Marques, e do ex-árbitro Francisco Dacildo Mourão.
Os deputados querem saber se Dacildo realmente acusou Armando,
durante um programa de televisão, de participar de vários atos irregulares
desde que assumiu o cargo, inclusive auxiliar um esquema para beneficiar
alguns clubes.
As acusações de Dacildo não se limitaram a Armando e atingiram o
presidente do Sindicato dos Árbitros do Estado do Rio de Janeiro, Jorge
Travassos. Dacildo acusou Travassos de ter entrado no quadro da Fifa com
três anos a mais do que limite permitido (40 anos) e de ter formado, com
Armando, uma associação para tirar dinheiro de árbitros de todo o país e
depois ter sumido com o dinheiro.
Muito irritado, Travassos comunicou que, por intermédio do advogado
do Sindicato, José Alberto Diniz Neto, entrou com uma queixa-crime contra
Dacildo na 16a Vara Criminal do Rio de Janeiro.
“Dacildo falou sobre desvio de verbas e adulteração de documentos e
agora tem que comprovar suas acusações. Se não conseguir ele passa a ser um
criminoso”, afirmou Travassos.
Mas Jorge Travassos não tratou apenas de se defender e também partiu
para o contra-ataque. Ele acusou Dacildo de ter chegado ao quadro da Fifa
graças a Ivens Mendes, que comandou a arbitragem brasileira até 1997, quando
foi afastado do cargo por ter sido acusado de participar de um esquema para
beneficiar alguns clubes.
“É triste ver uma pessoa como o Armando Marques na CPI por causa de
um árbitro que apareceu no quadro da Fifa pelas mãos do Ivens Mendes. O
Dacildo está fazendo isso por vingança, pelo fato do Armando ter afastado
ele do quadro da Fifa. O Dacildo vinha sendo reprovado nos testes e o
Armando foi bonzinho em não ter afastado ele muito antes do que deveria”,
afirmou Travassos.