Lima - O presidente do Colégio Médico do Peru -que equivale ao Conselho Federal de Medicina brasileiro-, Julio Castro Gómez, informou nesta quinta-feira que pediu ao comitê de ética da entidade que analise se o médico William Flores, presidente do clube Universitario de Deportes, é passível de sanção por divulgar o resultado de um exame do jogador brasileiro Eduardo Esídio, revelando que o brasileiro é portador do vírus da Aids.
Outro que desaprovou a atitude do médico foi o ministro da Saúde do Peru, Eduardo Pretell, que a qualificou de "pouco ética". Pretell disse que "as pessoas devem ser respeitadas, e se o paciente não autoriza a divulgação de seu estado de saúde, os médicos não têm o direito de torná-la pública".
William Flores, que também foi o médico particular do jogador, deu entrevista coletiva esta semana dizendo que "há certas coisas que o Alianza Lima deve saber", e mostrou aos jornalistas o último exame médico de Esídio, mas não leu o conteúdo.
O Alianza fechou contrato com Esídio há duas semanas. O brasileiro é um dos maiores artilheiros dos campeonatos deste ano, e jogou por três temporadas no Universitario depois de ter dado positivo ao vírus HIV.
A imprensa especializada criticou duramente a atitude de Flores, lembrando que o clube nunca mostrou o exame médico de Esídio nas vezes em que seu contrato foi renovado.
Flores disse que o clube não pôde ficar com Esídio porque o brasileiro pediu quase meio milhão de dólares para renovar o contrato, e surpreendentemente trouxe à tona a questão de sua doença.
"No dia 6 de novembro, ele fez um exame a seu próprio pedido. Eu lhe comuniquei pessoalmente os resultados, como ser humano e como médico, e lhe dei algumas sugestões; lhe explicamos a situação (...) ele tomará sua decisão, mas espero que os diretores do Alianza também saibam do resultado do exame e, de posse do documento, tirem suas conclusões", disse Flores.
Clementina Carrasco, advogada de Esídio, declarou que o ato de Flores foi a "declaração de morte de Eduardo" diante da opinião pública.
Esídio está há duas semanas de férias no Brasil. Deve retornar ao Peru no dia 10 de janeiro, segundo a advogada.
A situação médica do atacante fez com que o Universitario de Deportes assinasse contratos semestrais com Esídio, prevendo a eventualidade de a doença se agravar, o que obrigaria o brasileiro a se medicar.
Atualmente, Esídio não faz tratamento com medicamentos especiais, uma vez que sua atividade esportiva facilita a geração de linfócitos no organismo, e, consequentemente, facilita o reforço de seu sistema imunológico, explicaram especialistas.