Rio - O piloto brasileiro Luciano Burti confia que o novo carro da Jaguar, apresentado nesta terça-feira, em Coventry, Inglaterra, será mais competitivo que o modelo da temporada passada da Fórmula 1. Mas a confiança não significa uma promessa por pódios e vitórias. Pelo contrário: tanto o brasileiro quanto a equipe inglesa buscam manter os pés no chão.
"No lançamento do ano passado, a equipe prometeu muito e o carro acabou não correspondendo às expectativas. Por isso, nosso objetivo neste ano é claro: queremos ter uma temporada melhor que a de 2000, para podermos brigar por pontos sem depender da quebra dos outros carros. O resto nós não vamos prometer. Ainda é cedo para fazer prognósticos, pois só na classificação para o GP da Austrália vamos saber como está o desenvolvimento de cada equipe", afirmou Burti.
Bobby Rahal, novo chefe de equipe da Jaguar, também preferiu um discurso sem promessas. "A equipe teve um primeiro ano cheio de dificuldades e desafios, mas agora implementamos mudanças necessárias para atingirmos nossos objetivos", explicou o ex-presidente da Cart que, como piloto, foi tricampeão na Indy.
Essa postura da equipe reflete-se até mesmo na concepção do carro. Steve Nichols (novo diretor técnico do time), John Russel (chefe de design) e Mark Handford (chefe de aerodinâmica) explicam que o novo carro é uma evolução do Jaguar R-1 em que a confiabilidade do conjunto foi priorizada. Burti concorda com o ponto de vista da equipe técnica.
"O carro é simples, abrindo mão de sistemas revolucionários em busca de resistência, que é fundamental para a Jaguar ter um bom desempenho, principalmente no começo da temporada. Mas não basta terminar as provas. Por isso, o Jaguar R-2 também mostra potencial para ser rápido, apresentando novas soluções trazidas por Russel e Handford", acredita o brasileiro.
O principal desafio do novo projeto foi em relação às mudanças do regulamento da F-1 em 2001. A asa dianteira do carro teve sua altura mínima aumentada em 50 mm. Outra mudança foi o reforço lateral do cockpit, exigência da FIA (Federação Internacional de Automoblismo) para aumentar a segurança dos carros.
"Olhando-se no geral, o carro é bem parecido com o do ano passado. Mas, numa análise detalhada, posso dizer que há várias pequenas diferenças e detalhes técnicos", disse Burti.
Para atingir a resistência necessária do conjunto, a equipe testou em dezembro o Jaguar R-1B, que possuía motor, câmbio e suspensão traseira do carro de 2001. Foram dez dias de treino sem apresentar nenhum problema grave, o que animou o piloto brasileiro.
Em relação à pintura do carro, não há novidades. A cor predominante é o tradicional verde britânico das corridas. A maior diferença é que o carro carrega agora o nome da AT&T, multinacional de comunicação que fechou patrocínio com a equipe por três anos. Nesta quarta-feira, Burti faz o shakedown (primeiro teste) do novo carro em Silverstone, Ingaletrra. Seu companheiro de equipe, o irlandês Eddie Irvine, vai testar o modelo R-1B também na pista inglesa.