O toque prolongado da sirene no Parque São Jorge é emblemático. Sinal de festejo e glória para os corintianos, é considerado a maior distinção que o Timão pode oferecer para um jogador recém-contratado. Pois a honraria virou ponto de discórdia no clube após o anúncio da contratação do atacante Paulo Nunes, na última quinta-feira.
Tudo porque o presidente do Corinthians, Alberto Dualib, prometeu reativar a sirene na apresentação do ex-palmeirense, que deve ocorrer amanhã. O sinal sonoro não é acionado para marcar uma contratação desde a apresentação de Edmundo, em janeiro de 1996.
”Acho que ele (Paulo Nunes) não merece a sirene não. Na minha opinião, tinha de entrar no clube em silêncio, sossegado, só para jogar”, segrega Gilberto Alves de Lima, funcionário do Corinthians que, entre outras responsabilidades, é o principal encarregado de tocar a sirene.
”Quem dá a ordem para o toque da sirene é a presidência. Se eles falarem, vou tocar. Mas, se dependesse de mim, não tocaria”, completa.
Localizada no Bar da Torre, um dos pontos mais tradicionais do clube, a sirene é acionada da portaria principal do Parque São Jorge, onde trabalha Gilberto, e pode ser ouvida diariamente, marcando os horários de entrada e saída dos funcionários. Os toques longos, entretanto, são restritos a homenagens ou comemorações do Timão.
”A sirene toca sempre quando o Corinthians ganha um título. Pode ser futebol profissional, futebol amador, remo ou qualquer outro esporte”, explica José Pozo, administrador do Parque São Jorge.
Por ordem do próprio presidente Dualib, sob o argumento de evitar a banalização do uso, o Corinthians deixou de recepcionar os jogadores contratados com a sirene nos últimos cinco anos. Da geração mais vitoriosa da história, que conquistou o bicampeonato brasileiro (98/99) e o título mundial (2000), o único que pôde desfrutar da honraria foi Marcelinho. Mesmo assim, só na primeira vez que chegou ao clube, em dezembro de 93. O último toque da sirene foi para recepcionar os jogadores campeões mundiais, na madrugada de 15 de janeiro de 2000.
”Para mim, ser recepcionado com o toque da sirene é uma grande satisfação, um orgulho. Mas sei que a responsabilidade se torna ainda maior “, acredita Paulo Nunes.