Belo Horizonte – O zagueiro Cláudio Caçapa deve assinar nesta quarta-feira contrato com o Lyon, da França. De acordo com informações, não confirmadas pela diretoria do Atlético, o jogador teria viajado na terça, às 22 horas, para a Europa. Pelo acordo, Cláudio Caçapa vai ficar até junho, por empréstimo, sendo que o Atlético receberá US$ 1 milhão (cerca de R$ 1,96 milhão). Caso o Lyon queira ficar em definitivo com o zagueiro terá que pagar mais US$ 3,5 milhões (aproximadamente R$ 6,86 milhões).
Coincidência ou não, Cláudio Caçapa não treinou na segunda-feira, no CT de Vespasiano. De acordo com o Departamento Médico, ele havia sido liberado pois reclamava de uma indigestão estomacal. Pura desculpa, já que ele estava de sobreaviso desde sábado, apenas aguardando uma definição do clube francês.
O empresário Roberto Tibúrcio, destacado pela diretoria do Atlético para negociar o jogador, viajou para a Europa na sexta-feira passada. Assim que confirmou a proposta dos dirigentes franceses, comunicou ao clube mineiro. Há cerca de duas semanas, representantes do Lyon estiveram em belo Horizonte para discutir a transação, que teve Roberto Tibúrcio como intermediário.
Apesar de toda essa negociação vir se arrastando há vários dias, o diretor de Futebol do Atlético, Sérgio Coelho, não confirmou a viagem de Roberto Tibúrcio à Europa. De férias em Maceió (AL), ele afirmou que o interesse de clubes europeus ocorreu no ano passado. “Recebemos algumas propostas no final da temporada mas, este ano, ainda não", afirmou.
Família
Se a venda de Caçapa para o futebol europeu surpreendeu aos torcedores, não foi nenhuma novidade para a família do jogador. Dona Tereza, mãe do zagueiro, estava radiante com a transferência. Desde sábado, quando Caçapa esteve em Lavras, despedindo-se da família, que todos estão comemorando a negociação.
“Já esperávamos por isso desde o ano passado. Estamos todos de coração partido, mas sabemos que vai ser muito melhor para ele", comemora Dona Tereza, mãe de outros oito filhos.
Carreira
Cláudio Roberto Silva, 24 anos, o Cláudio Caçapa, iniciou a carreira nas categorias de base do Atlético. O primeiro jogo pelos juniores do Galo aconteceu no dia 12 de outubro de 96. O Atlético goleou o Pedro Leopoldo por 5 a 0, em amistoso. Cláudio Caçapa estreou no time profissional em 23 de fevereiro de 97, no empate em 2 a 2 contra a Caldense, em Poços de Caldas, pelo Campeonato Mineiro. O zagueiro já disputou 165 jogos pelo Atlético e marcou seis gols. O primeiro gol foi contra o Avaí, pela Copa do Brasil, no dia 4 de fevereiro de 98, no empate em 1 a 1, em Florianópolis.
Suas atuações no Campeonato Brasileiro de 1999 deram a Cláudio Caçapa a Bola de Prata, da Revista Placar, como melhor zagueiro, e garantiram quatro convocações para a Seleção Brasileira no ano passado. A primeira, em fevereiro do ano passado, para o amistoso contra a Tailândia, em Bancoc. As outras convocações foram para jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002 (contra Colômbia, Equador e Peru).
Abel exige respeito ao adversário
O desconhecido Marcílio Dias é o adversário do Atlético hoje, às 21h45, pela segunda rodada da Copa Sul-Minas. O jogo será em Itajaí, interior de Santa Catarina. A ordem no time mineiro é atenção total, principalmente porque, desde a escalação até a forma de jogador dos catarinenses, tudo é uma incógnita. O Atlético entra em campo sem o zagueiro Cláudio Caçapa, que está sendo negociando com o Lyon, da França.
O Marcílio Dias é uma incógnita para os jogadores, mas não para o técnico Abel Braga. Ao contrário de seus comandados, ele mostrou conhecimento ao falar do adversário de hoje à noite. “Tenho todas as informações possíveis. O time vem de duas derrotas, o que é muito perigoso. Tem dois jogadores de frente muito bons, marca muito e sai em velocidade no contra-ataque. É preciso muita atenção para voltarmos com os três pontos", avalia.
O treinador optou por começar o jogo com o mesmo esquema da primeira partida - o empate em 1 a 1 com o Atlético/PR. Mas terá que promover alterações na equipe. Com a transferência de Cláudio Caçapa para o Lyon, da França, ele deverá repetir o time titular do coletivo de segunda-feira, com Luiz Carlos ao lado de Carlão, na zaga. E o volante Anderson Luis fazendo sua estréia ao lado de Gilberto Silva.
Enfrentar o Marcílio Dias será uma novidade para o atacante Marques. Mas jogar com uma equipe totalmente desconhecida, não. “O Marcílio Dias a gente, pelo menos, conhece de nome. Já estivemos em situação ainda mais inusitada quando jogamos com o Alvorada, lá em Tocantins, também pela Copa do Brasil só para chegar lá já foi uma odisséia. Mas isso não é preocupante, embora podemos ser surpreendidos, se não tomarmos cuidado", observa.
Se por um lado o Marcílio Dias é um time desconhecido, o mesmo não se pode dizer do Atlético. Em Itajaí, provavelmente os adversários estão preocupados com a experiência de Velloso, os gols de Guilherme e as assistências de Marques. “Já estou acostumado com isso. Me sinto com a mesma importância de qualquer outro jogador do Atlético, mas sei que o adversário sempre está preocupado comigo. Contra o Atlético Paranaense, havia dois me marcando. E contra o Marcílio Dias não deve ser diferente", prevê Marques.
O único jogador do Atlético para quem o Marcílio Dias não é uma novidade é o lateral-direito Paulo César. Mas nem tanto. “Joguei contra eles há uns dois anos e o time está muito diferente. Não deu para passar muita coisa para os meus companheiros", lamenta.
Na opinião do técnico Abel Braga, o Atlético foi favorecido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) criou a Copa Sul-Minas. Enfrentar times da região Sul do país é, na opinião do treinador, muito melhor - e mais fácil - do que disputar um título com equipes do futebol paulista.
“No Sul temos um futebol mais competitivo, equilibrado. Não é como em São Paulo, que tem sempre as mesmas forças. E, além disso, melhora o intercâmbio de jogadores entre os times", comenta Abel Braga, que já treinou o Coritiba, em 98.
Edson estréia com empolgação
De sobreaviso desde a semana passada, quanto à possibilidade de estrear, o lateral-esquerdo Edson não perdeu tempo. Foi ao Mineirão na última quarta-feira acompanhar a partida contra o Atlético/PR - empate em 1 a 1 - e prestou bastante atenção no esquema tático do técnico Abel Braga. E dispensou atenção mais do que especial ao atacante Marques, com quem jogará pelo lado esquerdo.
“As assistências dele são fundamentais. Ele ajuda bastante aos laterais, dando muitas opções. E é muito inteligente, o que facilita a qualquer um jogar com ele", elogia Edson.
O lateral se considera um dos jogadores mais bem preparados fisicamente do atual grupo atleticano, pois vem treinando desde o dia 14 de dezembro. “Nem comemorei Natal e Ano Novo direito. Estou bem fisicamente, só posso me queixar um pouco da falta de ritmo de jogo", avalia o lateral-esquerdo.
Com passagem no Olympique de Marselha, onde jogou em 98 e 99, Edson teve a oportunidade de conhecer um ex-jogador do Atlético, coincidentemente, que atuava na mesma posição que a sua. “Conversei muito com o Dedê, quando o Olympique enfrentou o Borussia Dortmund. Ele me contava como estava adaptado ao futebol alemão, mas que tinha saudades do Atlético", comenta.
O pernambucano Edson, de 23 anos, ainda conhece muito pouco de Belo Horizonte. Contratado no último dia 12, ele nem sequer teve tempo para passear pela cidade e procurar por uma de suas bebidas prediletas: caldo de cana. A bebida traz recordações de sua terra natal, Jaqueira, localizada há 130 quilômetros da capital Recife.
“Minha cidade fica em um local conhecido como Mata-Sul, com clima ideal para o cultivo da cana. Eu trabalhava na roça, cortando pé de cana. Tenho muito orgulho de ter saído do interior pernambucano e vencido aqui no Sul. E olha que nunca enjoei de caldo de cana. Gosto muito de colocar limão", revela o lateral-esquerdo.
'Velho Marinheiro' está em crise
Vice-campeão catarinense do ano passado, o “Velho Marinheiro" - como é conhecido o Marcílio Dias - foi derrotado nas duas partidas que disputou esta temporada. Perdeu para o Caxias (RS) na estréia da Copa Sul-Minas, por 2 a 1, de virada, e para o Tubarão, por 3 a 0, pelo Campeonato Estadual.
A equipe está disputando pela primeira vez a competição regional que envolve clubes do Sul do país e de Minas Gerais. Garantiu a vaga depois de conquistar o vice-campeonato estadual, desbancando os tradicionais Criciúma e Avaí - a outra vaga catarinense é do Figueirense, campeão estadual no ano passado.
O Clube Náutico Marcílio Dias foi fundado em 19 de março de 1919 e tem como símbolo uma âncora. O intuito, naquela época, era desenvolver a prática do remo em Itajaí, modalidade com a qual conquistou vários campeonatos. Na década de 40, o interesse pelo futebol começou a crescer. Em 42, a diretoria deu início à construção do Estádio Hercílio Luz, local da partida de hoje à noite com o Atlético.
O uniforme parece com o do Paraná, vermelho e azul. A diferença é que a camisa principal é quadriculada nas duas cores. O clube acumula títulos de pequena expressão ao longo de sua história. As duas maiores conquistas foram os vice-campeonatos de 84 e do ano passado. Em 99, sagrou-se campeão da segunda divisão.
Responsabilidade
A equipe catarinense não passa por bom momento, depois das duas derrotas seguidas na Copa Sul-Minas e no Campeonato Estadual, mas os torcedores acreditam na reabilitação hoje à noite, no Estádio Hercílio Luz, contra o Atlético. Apesar de apontar algumas falhas no time, sobretudo no ataque, o técnico Laerte Dória assumiu a responsabilidade pelos resultados adversos.