Rio - Os termômetros marcavam 42 graus domingo passado no Estádio de Caio Martins, durante a partida entre Botafogo e Volta Redonda, pelo Campeonato Estadual. Em campo, 22 jogadores se arrastavam, sendo severamente castigados pelo forte calor das 16h, na verdade 15h, porque está em vigor o Horário de Verão. Um dia depois da vitória por 1 a 0, os jogadores do Botafogo ainda tinham seqüelas do jogo.
O atacante Donizete, por exemplo, exibia as inúmeras bolhas provocadas pelo gramado castigado pelo forte sol. “Quando terminou a partida, eu estava ardendo. Tive de ficar mergulhado quase três horas na água fria para baixar a temperatura”, afirmou o atacante.
Donizete ainda destacou que o horário é um crime contra o futebol. “Não dá para jogar assim. Podia-se fritar um ovo no gramado. Quem marcou o horário tinha de pôr a família em campo para ver o que é bom. Não há craque que suporte o castigo de um sol desses”, ressaltou.
Porém, apesar do calor, o Pantera gostou da postura do time. “Mesmo tendo sido uma vitória magra, foi importante. O clima já melhorou e está todo o mundo mais aliviado depois da primeira vitória. Agora a confiança aumentará e os resultados aparecerão de forma natural. Esse é o caminho”, resumiu.
O zagueiro Dênis foi outro que reclamou muito do forte calor. Ele admitiu que numa cidade tão quente quanto o Rio de Janeiro deveria haver um planejamento mais cuidadoso por parte dos organizadores das competições.
“Os atletas deveriam lutar para poder participar da elaboração de tabelas. Os calendários são feitos sem a menor consulta”, disse Dênis.
O diretor técnico Antônio Clemente foi mais contundente na sua observação sobre o fato: “Quem marca um jogo para 16 horas nunca jogou futebol na vida. Não sabe o que é correr 90 minutos”.
Segundo Joaquim da Matta, médico do clube, vários jogadores perderam mais peso do que o normal. O recordista foi Misso, quatro quilos mais magro após o jogo. “Eles sofrem uma violenta perda hídrica. É assustador você ver o estado em que ficam”, disse Da Matta.