Alexandre Rodrigues
Porto Alegre - O deputado federal Paulo Paim (PT-RS), que é torcedor do Internacional, apresentou nesta quinta-feira um projeto de lei, adiando por dois anos a entrada em vigor do artigo 28 da Lei Pelé, que dá passe livre aos jogadores cujos contratos terminarem a partir de 26 de março. O objetivo é impedir a saída em massa de jogadores dos clubes.
Apesar de o projeto ter sido elaborado em meio aos esforços do Clube dos 13 para modificar a Lei Pelé, o parlamentar garante não ter sido procurado por nenhum dirigente ou colegas da "bancada do futebol" no Congresso. "A idéia do projeto surgiu a partir do momento que pessoas me ligaram, de escolinhas, de clubes, dizendo que como está o projeto um desserviço à formação de jogadores", justificou.
Para elaborar o projeto, o deputado garante ter conversado com jogadores, que teoricamente seriam os grandes prejudicados com o adiamento da Lei Pelé. Ele propõe a realização de um fórum, com a participação de empresários, dirigentes de clubes e atletas para discutir o assunto e admite encurtar a prorrogação, se necessário. "Eu digo: vamos prorrogar por um ou dois anos e ver como fica. Mas se decidirem adiar em um mês, que seja um mês".
Se o projeto fosse discutido e aprovado na Câmara em tempo recorde e depois sancionado às pressas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, beneficiaria imediatamente dois grandes clubes brasileiros ameaçados de perder jogadores importantes: o Grêmio, às vésperas de ver o ídolo Ronaldinho se transferir para o Paris Saint-Germain, da França; e o Flamengo, que tenta impedir a transferência do lateral Athirson para a Juventus, da Itália. Nos dois casos os jogadores serão beneficiados com o fim do passe.
Paim garante que seu projeto beneficiaria a maioria dos jogadores. "Em tese, estaria prejudicando quem ganha R$ 300 mil, R$ 400 mil. Mas o que acontece com que ganha quatro, cinco salários mínimos e corre o risco de ficar sem clube?"
Veja entrevista com o deputado:
Terra – Adiar o fim do passe depois de três anos da Lei Pelé em vigor não prejudica os jogadores?
Paulo Paim – Eu entendo que não. Quem tem altos salários vai continuar com altos salários, mas deve se pensar na maioria.
Terra – Houve algum contato dos clubes com o senhor por causa de casos como o de Ronaldinho?
Paim – Não. Comigo não.
Terra – Ainda há chances de o projeto ser levado a votação antes de 24 de março?
Paim – Aqui nessa casa (a Câmara) as coisas estão da seguinte forma: tudo pode acontecer e nada pode acontecer. Se houver interesse, pode ser votado da noite para o dia. Se não houver, não, por mais relevante que possa parecer.
Terra – Qual a posição dos jogadores sobre seu projeto? Houve contato com algum sindicato da categoria?
Paim – Meu contato foi com responsáveis de escolinhas, que formam os jogadores. Eles querem suscitar o debate.
Terra – Algum deputado da bancada do futebol o procurou para discutir o assunto?
Paim Não. Nenhum deles me procurou.