Rio - O goleiro Júlio César vem provando ultimamente que liderança pode ser exercida debaixo da baliza. Para isso, haja credibilidade e garganta. Num time que pouco fala, ele é um dos jogadores que mais gritam em campo e aos poucos vem se transformando num líder, respeitado dentro e fora de campo como um dos mais experientes, apesar de ter apenas 22 anos.
“Eu não tenho a pretensão de ser líder, quero ser um companheiro respeitado. Fico feliz que os outros jogadores não entendam mal e aceitem as minhas ponderações. Não gostaria que pensassem que eu grito porque agora seu titular. Minha forma de agir sempre foi essa”, disse o goleiro, que não faz distinção quando orienta um companheiro.
“Não é porque um cara é medalhão que eu não vou gritar, nem vou exagerar com um mais novo. Sei me comunicar e como proceder com cada um deles”, disse.
Ontem, após o treino, Júlio César ficou um bom tempo em campo conversando com o zagueiro Gamarra, sobre a colocação em campo. Para o goleiro, o zagueiro paraguaio é uma referência durante os jogos. Mas Júlio também procura orientar e fala da movimentação tática com um conhecimento profundo.
“Eu vejo o jogo de frente e tenho que orientar os companheiros. O nosso meio-campo, por exemplo, tem marcado com disposição, mas às vezes corre errado. Procuro dar esse tipo de toque, é meu jeito de ser. Presto muita atenção no jogo, para falar com exatidão”, disse.
Formado no Flamengo e identificado com o clube, Júlio César tem, repetidas vezes, chamando a atenção para a falta de vibração do time. “Acho que falta o time vibrar mais com um carrinho, com uma tomada de bola. São detalhes, mas que mostram a concentração da equipe. Isso aqui é Flamengo, jogador tem que ter orgulho e alegria por estar atuando no clube”.
Um líder num grupo onde os salários estão atrasados tem mais funções do que o normal. Júlio lembra que a solução depende do grupo. “Estamos sozinhos nessa situação , só nós podemos resolver isso e tirar o clube dessa situação. É claro que ninguém gosta de salários atrasados, mas todos têm que captar isso. O clube depende do futebol profissional e a situação só vai melhorar se ganharmos”, disse Júlio César.