Rio - O resultado catastrófico diante do Olaria foi apenas um aperitivo para uma equipe à beira de um ataque de nervos. Na véspera da partida decisiva contra o Palmeiras, nesta quinta, a partir das 20h30min, os jogadores do Botafogo decidiram, logo após o treino, que não haveria concentração, em represália a mais um atraso nos salários. A diretoria havia prometido o pagamento dos meses de outubro e novembro para esta semana, mas não houve dinheiro. Indignados, os jogadores anunciaram que só se reapresentariam a partir das 12h de quinta.
O presidente do Botafogo, Mauro Ney Palmeiro, foi informado da decisão de cancelar a concentração pelo vice de futebol, Antônio Rodrigues, e ficou revoltado com a atitude da equipe. Mauro Ney se disse favorável à idéia de utilizar apenas jogadores juniores na partida de hoje. O presidente do clube afirmou que fará uma reformulação completa no elenco logo após o Rio-São Paulo.
“Eu estou chocado. Se não quiserem entrar em campo, não há problemas. Eu ponho em campo o time de juniores. Depois da disputa do Rio-São Paulo, vamos ver como vai ficar esse time”, esbravejou o presidente, ameaçando se desfazer dos líderes do motim.
O vice-presidente de futebol, Antônio Rodrigues, afirmou que fará uma reunião com os jogadores hoje à tarde na concentração do time. Apesar de elogiar o comportamento da equipe durante os quatro meses sem salários, Rodrigues lamentou a decisão às vésperas de uma partida decisiva – se o time ganhar, passa às semifinais do Rio-SP. “Não sou a favor de atitudes radicais. Vou me reunir e ser franco: quem quiser jogar à noite, joga; quem não quiser, não fazemos questão que jogue”, afirmou Rodrigues, que estabeleceu a semana que vem como um novo prazo para o pagamento de salários. “O clima estava muito tenso, não chegou a ser uma surpresa”.
A insatisfação alvinegra já era sentida em campo. Durante a pelada de dois-toques que geralmente antecede os jogos, o clima animado foi substituído pelo silêncio. Na saída do treino, Lazaroni deu a dica: “Há coisas que podem ser ditas, outras que não podem ser ditas e coisas que podem, mas não devem ser ditas”, disse o técnico. “Um dia, o jogador chega, no outro não vem mais. Um dia dizem que pagam, depois descobrem que é mentira. Sem combustível, não há arranque”.