Rio - Agora, mais do que nunca, o lema "craque o Flamengo faz em casa" é uma necessidade. Sem dinheiro para grandes contratações, o clube aposta nas categorias de base. Esta semana, mais dois jogadores foram incorporados ao elenco de profissionais: Andrezinho e Anderson, que, juntos com o atacante Adriano, sagraram-se campeões sul-americanos sub-20 no último domingo. O atacante Jackson, outro campeão sul-americano, também estará no grupo e, como os demais, será observado por Zagallo.
Na semana passada, uma polêmica entre o técnico Zagallo e o vice-presidente de futebol, Walter Oaquim, colocou na ordem do dia a questão de se lançar, com pressa, jovens jogadores. O dirigente não se cansa de dizer que as revelações devem ter uma chance no time e Zagallo entende que os jogadores podem ser queimados.
“Muitos destes garotos estavam no clube sem que eu sequer os conhecesse. Vê-los treinando será bom para saber quem é quem e com quem posso contar”, disse Zagallo.
No jogo contra o São Paulo, o atacante Jeferson, de 19 anos, ainda júnior, entrou no segundo tempo. Agora é a vez de Andrezinho e Anderson esperarem pela chance. Andrezinho, de 17 anos, não se assusta com a responsabilidade. “É melhor estar num clube onde confiam nos jogadores mais jovens. Pior se não dessem chance. É uma responsabilidade gostosa”, disse.
Anderson, inclusive, chegou a ser apontado, por Walter Oaquim, como um dos possíveis sucessores de Athirson. Confiante, o jogador conta com o apoio dos mais velhos. “Estes primeiros dias nos profissionais têm sido uma experiência diferente para mim. Mas os jogadores mais velhos nos respeitam e incentivam, além de dar muita força”, disse Anderson, que mora com a família em Jardim América e demora uma hora e meia para chegar à Gávea.
“Nos treinos da manhã, vou ter que acordar cedo”, disse ele.
O mais experiente do grupo, Adriano, funciona como uma espécie de conselheiro. “Eles me perguntaram como era a vida nos profissionais. Disse que o pessoal era legal e não ia menosprezar ninguém. O início é sempre difícil. Estou mais acostumado com esta realidade, mas ainda tenho muita coisa para conquistar”, disse.
Tanto Andrezinho quanto Anderson chegaram ao clube muito cedo, com 11 anos, e aprenderam logo o que significa jogar no Flamengo. Andrezinho, nascido em Campinas (SP), teve um professor de respeito: Rondinelli, o "Deus da Raça", que o descobriu num jogo da sua escolinha em São José do Rio Pardo (SP).
“Rondinelli é como um pai para mim. Tive sorte em encontrar uma pessoa que conhece muito futebol e conhece muito o Flamengo também. Eu tinha sete anos quando ele me viu jogar pela primeira vez e disse que ia me trazer para o Flamengo. O que era sonho, tornou-se realidade e agora vou trabalhar muito para conquistar o meu espaço”, disse Andrezinho.