Cuiabá - O novo carro da Ferrari é mesmo entusiasmante, disse Rubens Barrichello,
depois de experimentá-lo sexta-feira, sábado e ontem no circuito de Mugello. É
bom mesmo que ele tenha gostado do F-2001. A equipe e a torcida certamente
irão cobrar dele mais de uma vitória na temporada. Mas ao contrário do que se
pensa, Rubinho não está preocupado com o fato de que os homens da Ferrari
irão analisar seu trabalho, na primeira metade do campeonato, para decidir se
o seu contrato será renovado. "Há alguns anos sim, pensaria nisso, hoje não."
O compromisso de Rubinho com a Ferrari termina no fim do ano e como a
tendência das equipes de F-1 é apostar em jovens que despontam por seu
talento, é possível que Jean Todt, Ross Brawn e Luca di Montezemolo estejam
mesmo de olho no que fará o piloto para então resolver se ele continuará sendo
o companheiro de Michael Schumacher em 2002. "Essa pressão era maior no
ano passado, quando eles queriam saber se acertaram ao substituir Eddie
Irvine", diz Rubinho.
"Eles agora já me conhecem, sabem do que sou capaz. Não corro imaginando
o futuro, mas o presente", afirma. "Vai ser o que tiver de ser." E se acontecer,
já pensou por qual escuderia poderia correr? é a pergunta. "Não passou pela
minha cabeça, tenho tudo para disputar um campeonato melhor este ano."
O Mundial de 2000, o primeiro num time de ponta, lhe ensinou muita coisa. "Vi,
por exemplo, que se estivesse na McLaren, talvez tivesse sido um pouco mais
fácil para mim, já que lá a equipe é menos baseada em um dos pilotos." Desde
o princípio Rubinho conta que sabia que se o carro do ano passado fosse
competitivo, Schumacher é quem lutaria pelo título.
A convivência com o melhor piloto do mundo lhe permitiu evoluir, embora
Rubinho não veja no alemão nada que o espante. "Em nenhum ponto eu me
deparei com coisas que me levaram a pensar como ele consegue fazer isso?"
Os dados de telemetria, relativos ao comportamento dos dois na pista, provam,
conforme explica Rubinho, que Schumacher é mais veloz nas entradas de
curva. "Em geral, contudo, minha velocidade na saída é um pouco mais
elevadas."
A grande vantagem do companheiro verifica-se nas curvas de alta velocidade.
"É o forte dele. Seu talento é tão grande que os elevados riscos assumidos são
naturais." Nesse processo, a experiência adquirida por Schumacher durante
vários anos em times grandes aprimorou sua técnica. "Eu fui conviver com
essa realidade há apenas uma temporada."
Chama também a atenção de Rubinho o fato de o companheiro chegar rápido
ao limite do carro. "O treino começa às 8 horas, não vale nada, e na primeira
volta lançada ele já está no máximo. No começo de carreira ele pagou seu
arrojo com alguns acidentes."
De acordo com a revista alemã Kicker, que circula hoje, Schumacher pode
permanecer na Ferrari depois de encerrar a carreira. "Se desejar, poderei
trabalhar para o grupo Fiat", afirmou o alemão. "Mas isso talvez ocorra só daqui
a cinco anos."