Belo Horizonte - Insuperável há cinco jogos ou 512 minutos - o último gol que sofreu
aconteceu aos 28 minutos do primeiro tempo contra o Marcílio Dias, pela
Copa Sul-Minas, no dia 24 de janeiro -, Velloso tenta alcançar a marca
dos ex-goleiros do Atlético, João Leite e Taffarel. Eles ficaram 10 partidas
invictos. Primeiro, o goleiro pode igualar ao seu próprio recorde,
estabelecido em 1989 no Palmeiras, quando ficou 737 minutos sem
sofrer gols, no Campeonato Paulista. E logo no primeiro ano como
profissional.
Para Velloso, manter essa invencibilidade é importante, principalmente no
momento atual em que atravessa o futebol. "Hoje é mais difícil ficar muito
tempo sem levar gols, pois a bola está mais tempo em jogo deixando o
futebol mais dinâmico. Quase não se um jogo terminar empatado em 0 a
0", observa o goleiro. Segundo ele, a estatística é um fato relevante, mas
considera isso uma exigência da posição.
"Esse detalhe é interessante porque a função do goleiro é evitar os gols e
quanto mais tempo eu ficar em levá-los melhor. Isso significa que os
trabalhos estão sendo bem feitos. Já é uma marca que me motiva ainda
mais", afirma Velloso que credita essa invencibilidade a toda a equipe.
"Não é um mérito somente meu, mas de todos porque a equipe está
compacta. Apesar de sofrer alterações a cada partida, a defesa
mantendo o nível. Essa boa fase não depende apenas do setor
defensivo, mas também do meio-de-campo e do ataque", diz.
O preparador de goleiros Noslen Mehl evita falar da invencibilidade de
Velloso. "Velloso chegou a comentar comigo sobre isso. Quanto menos
se falar é melhor, pois não se cria uma expectativa grande em cima
disso", declara o ex-goleiro em times do Paraná e Rio Grande do Sul que
fez um curso na Escola de Educação Física do Exército, no Rio de
Janeiro, especialmente para treinar goleiros.
Ético, Noslen Mehl não comenta sofre possíveis deficiências
apresentadas por Velloso e constatadas por ele. "Não gosto de comentar
sobre o trabalho dos meus antecessores. Além disso, Velloso é um
goleiro experiente e não tem muito que corrigir nele", enfatiza. De acordo
com a sua avaliação, o goleiro titular do Atlético está num bom momento
técnico a tendência é melhor ainda mais. "Quando ele estiver em sua
melhor condição física renderá ainda mais".
Irmão do ex-preparador físico do Atlético Rodolfo Mehl, Noslen Mehl foi
goleiro entre outros times, do Juventude, Coritiba, Joinville e Caxias. Nos
últimos três anos, ele dava curso de goleiros na Escola Técnica Federal
do Paraná.
O técnico Abel Braga parece estar no caminho certo para acabar com o
alto índice de gols que o Atlético vinha sofrendo. Um desafio que o
ex-técnico Carlos Alberto Parreira não conseguiu vencer. Quando chegou
ao Galo, o técnico tetracampeão mundial pela Seleção Brasileira
priorizou a defesa, mas não conseguiu impedir que o time levasse 39
gols em 24 jogos - média de 1,6 por partida -, enquanto o ataque marcou
40 gols.
"Não existe euforia. Estamos contentes com o nosso trabalho",
comentou Abel Braga. "Infelizmente ainda não tivemos a oportunidade de
fazer dois jogos com a mesma defesa, mas há cinco partidas não
sofremos gol. Estamos trabalhando com um grupo já definido
independente de nome, idade ou qualidade técnica, e todos estão em
condições de jogo", acrescentou o treinador do Atlético.
Braga lamentou a ausência do volante Gilberto Silva, que estava na
função de líbero, mas sofreu uma nova fratura por estresse na tíbia da
perna direita. No entanto, ele está satisfeito com o rendimento do volante
Romeu. "No princípio, Romeu sentiu dificuldades em atuar como líbero,
mas agora está muito bem na parte defensiva", garantiu o técnico.
Abel Braga disse que existe um equilíbrio muito grande na equipe do
Atlético, com a defesa bem posicionada, além da qualidade técnica dos
jogadores. "Com isso, é possível alcançar um equilíbrio muito grande.
Os
jogadores estão trabalhando e não existe um esquema tático ideal. Existe
sim, muita força de vontade. A marcação está começando no ataque e
isso dificulta o adversário", explicou.
O volante Ânderson volta ao time quinta-feira, contra o Marcílio Dias, pela
Copa Sul-Minas, no Estádio Independência. Ele foi expulso contra o Vila
Nova pelo Campeonato Mineiro, mas cumpriu suspensão no jogo do
último domingo, em Andradas, quando o Atlético derrotou o Rio Branco
por 3 a 0. A dúvida de Abel Braga é de quem irá para o banco de
reservas.
O técnico do Atlético espera um jogo difícil, pois o técnico do time
catarinense é Humberto Ramos, que levou o Galo ao vice-campeonato
nacional em 1999.
Cicinho está fora da partida contra o Marcílio Dias. O lateral-direito, que
tem agradado ao técnico Abel Braga, sofreu uma contratura muscular
leve na parte anterior da coxa direita, aos 18 minutos do primeiro tempo
contra o Rio Branco, domingo, em Andradas. De acordo como médico
Danilo Gontijo, Cicinho ficará cerca de dez dias em recuperação.
O seu substituto, Paulo César, levou uma pancada no tornozelo
esquerdo, foi poupado do treino de ontem e não é problema. O mesmo
ocorre com o lateral-esquerdo Ronildo, que teve torcicolo. O
lateral-esquerdo Edson, totalmente recuperado de uma lesão muscular
na coxa esquerda, foi liberado para os treinamentos. Contudo, não
deverá ser relacionado para enfrentar o Marcílio Dias, quinta-feira, no
Independência.
Já estão definidos os preços dos ingressos para o jogo da Copa
Sul-Minas. A arquibancada custará R$ 10,00 e os estudantes pagarão R$
5,00. Mulheres pagam normalmente e crianças, até 12 anos, entram de
graça.
A diretoria do Atlético deve definir hoje o local do jogo contra o Ipatinga,
pelo Campeonato Mineiro, marcado para o próximo domingo, no Mineirão.
É que os dirigentes ainda não chegaram a um acordo com a Ademg
sobre as placas de publicidade. José Guilherme do Couto, assessor da
presidência do Atlético, está tentando junto com o América, que enfrenta
o Uberlândia no mesmo dia, a realização de uma rodada dupla no
Independência. Se não houver um acordo, um das opções seria a
antecipação do jogo para o sábado. A definição deverá ocorrer hoje.
Ídolo da Atlético nos últimos quatro anos, Marques completou ontem 28
anos. "Estou feliz por estar aqui no Atlético, rodeado de amigos e
recebendo o carinho da torcida. A vida aqui não é das mais fáceis e todas
as dificuldades estão sendo superadas", diz o atacante, referindo-se à
atual crise financeira do Atlético. Em termos profissionais, ele revela que
chegou ao clube cheio de incertezas, em 1997. "Felizmente tudo deu
certo para mim", comemora. Nesses quatro anos, teve um filho mineiro,
Rafael, atualmente com oito meses.