Rio - O técnico Valdyr Espinosa completa hoje um ano à frente do time do Fluminense. Uma marca significativa não só para o clube das Laranjeiras, que nesse período enterrou definitivamente o fantasma da Série C, como para o futebol brasileiro. Afinal, dos 20 maiores clubes do país, o Tricolor é o único a manter o técnico durante tanto tempo.
A experiência adquirida nos seus 53 anos de vida, mais de 30 dedicados ao futebol, fizeram de Valdyr Espinosa um homem desconfiado, de poucas e sinceras palavras e, principalmente, de pés no chão. Postura que apresentou desde o seu primeira dia nas Laranjeiras, quando teve de enfrentar o primeiro obstáculo: a ingrata missão de substituir o tetracampeão mundial Carlos Alberto Parreira, querido por conselheiros, torcida e imprensa.
“Procurei levar isso da melhor maneira possível. Lembro que na apresentação disse que saía um campeão do mundo e entrava outro, o nível seria mantido”, afirmou.
Vencida a primeira barreira, Espinosa tratou de implantar em campo suas idéias sobre futebol. A principal, a de que os jogadores não podem exercer uma única função.
A desconfiança da torcida e de boa parte da imprensa com o mudança tática aos poucos foi sendo superada. A equipe ganhou corpo e começou a derrubar grandes times, como o Vasco na Copa do Brasil.
Veio a Copa João Havelange e o Fluminense como convidado tinha a chance de voltar à Primeira Divisão. A responsabilidade aumentou, mas o técnico e seus comandados deram conta do recado: o clube se classificou em segundo lugar para as oitavas-de-final.
A classificação tinha um sabor especial para o técnico. Primeiro, derrubava os estigmas de churrasqueiro e retranqueiro, devido a sua origem sulista. E servia como uma homenagem ao pai Rodolfo, seu maior ídolo, falecido em outubro, durante a campanha.
A eliminação logo na fase seguinte para o São Caetano frustrou a torcida e de certa forma acendeu a luz vermelha nas Laranjeiras. Como seria a próxima temporada?
Não poderia ser melhor. Com Asprilla no lugar de Roger, o Fluminense começou 2001 atropelando todos os seus adversários. Classificou-se para as semifinais do Torneio-Rio São Paulo, título que não conquista há 40 anos, e está muito bem classificado no Campeonato Estadual. Mas nem esta condição faz o desconfiado gaúcho de Porto Alegre mudar o tom. “Quero títulos, mas não prometo nada”, afirmou.