Belo Horizonte - A velocista mineira Ádria Santos está conhecendo o outro lado da moeda do sucesso. Com as três medalhas, duas de ouro e uma de prata, conquistadas nas Paraolimpíadas de Sydney, no ano passado, continua sendo assediada pela imprensa e recebendo homenagens especiais, atrasando seu cronograma de treinos para o pan-americano da modalidade, que será realizado em maio, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos.
“Estou parada desde novembro, quando voltei das Paraolimpíadas. Foi uma correria, com muitas viagens e entrevistas. Agora preciso recuperar o tempo perdido", afirmou a atleta
Apesar de ver sua preparação prejudicada pela quantidade de compromissos fora das pistas, Ádria Santos aprovou o gostinho da fama. “Foi bom, foi uma novidade para mim. Embora tenha participado de três Olimpíadas anteriormente, foi uma surpresa para mim toda esta divulgação", diz a atleta de 26 anos, nascida em Nanuque, que, no Carnaval, desfilará nas escolas de samba Tradição, no grupo especial, e Vila Rica, no Grupo 1, no Rio de Janeiro.
Não é só a falta de tempo que vem atrapalhando o treinamento de Ádria. A velocista está sem clube e esperando definição de patrocínio. Residindo no Rio de Janeiro há cinco anos a atleta estuda propostas de uma associação de Joinville e outra de São Paulo. Seu atleta-guia nas competições, o catarinense Gerson Knitel, continuará trabalhando com a velocista neste ano.
No Campeonato Pan-americano da Carolina do Sul, Ádria Santos acredita que não encontrará a mesma rivalidade que teve com a espanhola Purificacion Santamarta em Sydney. “Nos Estados Unidos, deverá ser mais tranqüilo, a não ser que surja uma nova adversária de peso", avalia.
Nos Jogos Pan-americanos de 1999, em Winnipeg, no Canadá, Ádria Santos ganhou ouro nas três modalidades que disputou: 100, 200 e 400 metros.
A atleta perdeu a visão por causa de uma retinose progressiva e astigmatismo. Começou a competir aos 13 anos, participando de sua primeira Olimpíada no ano seguinte, em Seul-88, obtendo duas medalhas de prata, nos 100 e 400 metros. Em Barcelona-92, conquistou o seu primeiro ouro, nos 100 metros para cegos parciais. Em Atlanta-96, já totalmente cega, faturou três medalhas de prata. Em Sydney, conseguiu sua melhor atuação, ganhando dois ouros (100 e 200 metros) e uma prata (400 metros).