Rio - Há uma semana, a escalação de Bruno para enfrentar o Flamengo na última rodada da fase classificatória da Taça Guanabara foi recebida com temeridade por alguns dirigentes alvinegros. Em vão. O jovem zagueiro teve uma atuação segura em sua estréia entre os profissionais e manteve a média em Santos. Típico exemplo do homem certo na hora exata, com as lesões de Sandro e Valdson e a suspensão de Misso, Bruno é o único nome confirmado na zaga para a decisão do Torneio Rio-São Paulo.
“Sempre trabalhei com este objetivo. Ganhei uma oportunidade criada pelas circunstâncias e correspondi bem. Então, eu espero continuar assim. Na decisão, não tem mistério. Não posso dar espaços para os atacantes. Tenho de me antecipar aos lances e marcar em cima”, receitou Bruno.
Tímido e reservado, Bruno não age com a mesma desenvoltura diante dos microfones e câmeras. Nada de muita autoconfiança ou frases de efeito. Fala pausadamente e sempre pensa muito antes de responder. Mas dentro de campo, o jovem zagueiro transborda confiança. Grita, chama a atenção e orienta o posicionamento dos marcadores.
“Durante a pré-temporada em Além Paraíba ganhei mais intimidade com os outros jogadores, então não fico inibido. Além do mais, eles sabem que nós temos uma visão melhor e podemos orientar mais o nosso sistema de marcação. No jogo, eu me solto mais”, explicou.
Cria das divisões de base do Botafogo, o zagueiro chegou no clube com 12 anos de idade, na categoria pré-mirim, quando conheceu o cabeça-de-área Serginho, outro remanescente daquela época. No elenco atual, Bruno ainda tem mais intimidade com os ex-juniores.
Sem mostrar muita ansiedade em disputar seu primeiro título entre os profissionais, Bruno deve ter Júnior como companheiro de zaga, o terceiro em três jogos, com quem jogou apenas 15 minutos na última partida contra o Santos.
“É claro que é melhor jogar com um companheiro fixo para adquirir entrosamento. Mas isso é apenas um fator que ajuda. Mudar os zagueiros também não chega a complicar”, disse Bruno, pronto para encarar um Maracanã lotado. – Meu jogo na Vila Belmiro foi o primeiro em um estádio cheio. Mas já tinha trabalhado esta questão psicológica. Esqueci a torcida e passei a me sentir leve e solto. Até gostei de ter a torcida contrária.