Rio - Foi em clima de fim de festa – como definiu o próprio treinador Homero Cavalheiro – a última partida do Veranópolis no Gauchão 2001, quinta-feira à noite, em Santa Cruz do Sul, no Estádio dos Plátanos.
A tristeza da equipe no empate em 2 a 2 diante do classificado Santa Cruz não prejudicou o desempenho digno em campo, mas escancarou um problema social do futebol do Interior do estado. Os profissionais dos times eliminados na Seletiva estão desempregados.
A exemplo de várias equipes do interior gaúcho, o VEC – como é conhecido carinhosamente por sua torcida – deverá dispensar jogadores e a comissão técnica. Não há perspectiva de competições ao longo do ano, o que inviabiliza a manutenção do grupo.
Com a redução do calendário do Gauchão – Inter, Grêmio, Caxias e Juventude entram direto na fase final – o primeiro semestre dos clubes ficou restrito a menos de dois meses, com a Seletiva. Houve muita reclamação e até ameaça de greve quando as chances de classificação começaram a se dissipar nas derrotas. Mas mudanças, se vierem, só em 2002. Agora, é hora de lidar com o desemprego em massa.
”Conseguimos fugir do rebaixamento, que durante algum tempo foi o pior fantasma do clube. Nosso objetivo maior foi alcançado. Os jogadores continuam na vitrine e têm de jogar bem qualquer partida se quiserem disputar vagas em outras equipes”, disse Homero Cavalheiro, antes da última rodada, contra o Santa Cruz.
No vestiário, depois do empate em Santa Cruz do Sul, a tristeza acabou superada pelo orgulho do grupo, satisfeito com a fuga do descenso e pelo bom empate na despedida. Durante a partida, o Veranópolis esteve sempre à frente do placar. Mas a falta do que fazer de agora em diante preocupa. Todos terão de procurar trabalho em alguma equipe para garantir o sustento da família, quase sempre limitado a salários próximos do mínimo, talvez um pouco mais dependendo da equipe.
Entre os outros eliminados, o desmanche seguido de êxodo por emprego já começou. No 15 de Novembro, de Campo Bom, o meia Alex Lopes foi dispensado durante a semana para resolver a situação do seu passe junto ao Atlético-PR. O técnico Nestor Simionatto ainda não sabe para onde vai.
A direção do São Luiz, de Ijuí, dispensou quatro de uma só tacada: Marcelo Ramos, Taguor, Lauro e Adilson sequer participaram da última rodada. Foram liberados para cuidar da vida. O Passo Fundo enfrentou o São Paulo, de Rio Grande, com uma equipe mista. Já sem o comando do técnico Chaveco, desligado do clube, o time atuou sob a batuta do preparador físico Stricker, que contou com garotos revelados nas categorias inferiores para escalar 11 jogadores. Os titulares Paulo Gaúcho, Paulo Roberto, Serjão, Sandro e David foram liberados.
É o desemprego futebol clube.