Rio - O ex-deputado estadual pelo Rio de Janeiro
Francisco Veloso prestou depoimento na tarde desta quinta-feira na CPI do
Senado, que investiga supostas irregularidades no futebol brasileiro. Ele
presidiu, em 1995, uma CPI sobre evasão de renda nos estádios do estado.
Veloso contou que já presenciou Michel Assef, ex-dirigente do Flamengo,
colocar diversas pessoas dentro do Maracanã antes de um clássico entre
Flamengo e Fluminense.
Segundo Veloso, essas pessoas, que entraram no estádio graças a
Assef, não pagaram ingresso, o que representa que o INSS deixou de ser
recolhido e diversas entidades relacionadas ao jogo foram lesadas. “Para piorar a situação, quando ele foi abordado por mim, disse que
o mando de campo era do Flamengo e ele colocava para dentro do Maracanã quem
ele achasse que deveria - afirmou o ex-deputado.
Veloso lembrou que muitas pessoas participavam da evasão de renda
nos estádios do Rio de Janeiro, dentre elas, autoridades, funcionários da
Suderj e da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj). O ex-deputado
falou que uns acusavam os outros, mas na hora de depor na CPI garantiam não
saber nada sobre evasão de renda.
Ao responder uma pergunta feita pelo relator da CPI, senador Geraldo
Althoff (PFL-SC), o ex-deputado contou que já foi ameaçado por ter proposto
esta Comissão em 1995.
“Várias ameaças estão gravadas na secretária eletrônica da minha
casa. Antes de um Fla-Flu no Maracanã, uma rapaz telefonou e se apresentou
como ex-jogador de Vasco e Flamengo e funcionário da Suderj. Ele mandou eu
tomar cuidado, pois meu trabalho na CPI estava desagradando muita gente”,
afirmou Veloso, que acredita que não existia uma quadrilha agindo na questão
da evasão de renda, mas sim grupos separados que se toleravam.
Veloso contou ainda que, por várias vezes, viu ambulâncias, da
empresa de saúde responsável pelo atendimento no estádio, levar cerca de dez
pessoas para dentro do estádio. Ele negou que a empresa tivesse contrato com
a Suderj. “Procurei saber do presidente da Suderj se havia algum contrato
assinado para a empresa colocar aquelas ambulâncias ao lado do campo, mas
não havia. A empresa fazia como se fosse filantropia”, afirmou Veloso.
O ex-deputado contou que o atacante Romário foi por várias vezes
convidado para depor na CPI de evasão de renda, mas nunca apareceu para
falar aos deputados, mesmo quando foi intimado. “Como não compareceu à convite, foi intimado, mas mesmo assim não
foi. A CPI foi chegando ao fim e terminamos não colhendo o seu depoimento”,
afirmou Veloso.
No fim da reunião, Althoff disse que a evasão de renda gera
sonegação fiscal e previdenciária, sendo assim, precisa ser combatida.