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Falta de recurso tira das quadras a nº 1 do Brasil
Terça-feira, 13 Março de 2001, 16h18

São Paulo - A tenista gaúcha Miriam D’Agostini anunciou nesta terça-feira que está deixando o tênis profissional. Aos 22 anos de idade, Miriam é atualmente a melhor jogadora do Brasil no ranking da WTA, mas não estará mais competindo.

Nascida a 15 de agosto de 1978, Miriam iniciou no tênis aos sete anos de idade. Aos 12 já morava fora do Brasil e viajava o mundo no circuito juvenil. Jogou seu primeiro torneio profissional aos 15, mesma época em que era uma das melhores juvenis do mundo. Esteve entre as cinco primeiras do ranking mundial, chegou à semifinal do Orange Bowl 18 anos, quando tinha apenas 15, disputou Roland Garros, Wimbledon e o US Open e entrou com tudo no profissionalismo.

São inúmeros os títulos de Miriam, na simples e na dupla em torneios Futures e Challengers, mas todos conquistados à base de muito sacrifício. Longos meses fora de casa, em lugares não tão agradáveis, intermináveis viagens desacompanhada de um técnico, já que a falta de patrocínio a impedia de fazer tal e muito, muito treino.

Miriam tentou de tudo para levar o seu tênis ao topo. Morou no Paraguai, nos Estados Unidos e em São Paulo em busca do melhor treinamento para sua carreira. Foi treinada por diferentes técnicos, como Andréa Vieira, Patrício Arnold, Victor Pecci, Carlos Custódio, Colon Nunez, Eleutério Martins e durante anos foi a melhor tenista do Brasil, chegando a ficar entre as 200 do mundo, na posição de 181.

D’Agostini tem no seu currículo, o título de campeã brasileira, um título de um torneio de US$ 25 mil em simples, participação nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg e Mar Del Plata, nas Olimpíadas de Atlanta e na Fed Cup, a Copa Davis feminina.

Mas, desmotivada, sem patrocínio e principalmente sem o prazer de jogar tênis, Miriam tirou alguns meses para pensar no que fazer com sua carreira profissional. Refletiu, ouviu amigos, tenistas, empresários e, apesar de todos incentivarem a sua permanência nas quadras, decidiu deixar o profissionalismo. “Eu comecei a jogar e a viajar muito cedo. Cansei da vida no circuito e não tinha mais prazer em jogar e em ir para os torneios,” conta Miriam, sem querer desanimar as novatas que estão chegando.

“Cada um tem um jeito diferente de levar as coisas e realmente viajar no circuito, muitas vezes sem técnico e sem patrocínio não é nada fácil. Eu tentei e fui até onde deu, mas dou a maior força para quem estiver começando e jogando com alegria,” diz ela, lembrando momentos especiais da carreira, como a exibição que disputou no ano passado, em São Paulo, com Martina Hingis e Anna Kournikova, a participação nas Olimpíadas de Atlanta, o primeiro torneio de US$ 25 mil conquistado no México, em 2000 e as semifinais, como juvenil do Orange Bowl em simples e de Roland Garros, nas duplas.

Miriam, no momento, está tratando de uma lesão no ombro e já iniciou a fase de transição de tenista profissional para uma “pessoa comum.” Está cursando duas cadeiras na Ulbra (Universidade Luterana), quer cursar Comunicação Social, dar aulas de tênis e trabalhar com marketing esportivo. “É uma fase nova na minha vida e gostaria muito de agradecer aos patrocinadores, não patrocinadores e as pessoas que conheci e me ajudaram muito durante todo esse tempo.”



Redação Terra


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