Rio - O contador do Vasco Vanderlei Guilherme
Doring se complicou em seu depoimento na CPI do Senado, que investiga
supostas irregularidades no futebol brasileiro. Doring, no início do
depoimento, afirmou que está afastado do clube desde 1982, mas documentos
apresentados pelos senadores desmentiram esta afirmação.
A situação de Doring começou a se complicar quando ele afirmou que
trabalhou no Vasco entre 1971 e 1982, afastando-se do clube depois deste
período. Neste momento, o senador Geraldo Althoff (PFL-SC), relator da
Comissão, apresentou atas de reuniões do Conselho Fiscal do Vasco, datadas
de 1999, em que aparecem assinaturas de Doring. Althoff continuou a
desmentir Doring ao apresentar documentos que atestam mudanças no valor
patrimonial do clube e que foram assinadas pelo contador, na época constando
na função de contador-geral do clube.
Diante das provas, Doring garantiu que assinou esses documentos
informalmente, pois as declarações de renda e os balanços oficiais estão
assinados pelo atual contador-geral do clube. Novamente a situação de Doring
se complicou, pois o senador Maguito Vilela (PMDB-GO) lembrou que a atitude
dele caracteriza exercício ilegal da profissão. Para piorar, Doring não tem
mais registro no Conselho Regional de Contabilidade, o que aumenta a
ilegalidade do seu gesto.
"Não existe meio contador, ou contador informal, legalmente isso é
um absurdo", afirmou Maguito.
Após todas essas revelações, Geraldo Althoff pediu que
a sessão continuasse de forma secreta. O próprio Doring tinha pedido isso no
início do depoimento, mas não obteve sucesso. Em seu depoimento secreto,
Doring deu várias informações sobre as negociações do clube e os repasses de
verbas feitos ao clube pela empresa Vasco da Gama Licenciamentos.
Depois de alguns minutos a sessão voltou a poder contar com a
presença da imprensa. Doring explicou então que trabalha no Vasco na função
de consultor de informática, recebendo salário de R$ 4,5 mil, apesar de só
comparecer ao clube duas vezes na semana. Ele contou que não declara imposto
de renda por este salário, uma vez que já paga os impostos com o seu salário
de fiscal da Fazenda do Estado do Rio de Janeiro.
Segundo Althoff, se o
pagamento deste salário não constar na contabilidade do Vasco é porque o
clube possui caixa-dois.
Doring revelou que apenas uma parte do que o clube paga aos
jogadores é registrada na carteira como salário, com o recolhimento de
encargos sociais. O restante é pago em forma de direito de imagem, o que não
exige obrigatoriedade do pagamento destes encargos.