Rio - O Real Madrid, clube que foi eleito pela Fifa como o melhor do século XX por seu invejável currículo de títulos nacionais e internacionais, tem uma dívida invejável. Mais de US$ 200 milhões, reconhecidos pelo seu presidente Florentino Pérez.
"Estamos parcelando as dívidas e espero em cinco anos ter um clube saneado. O Real Madrid é um doente grave e que se não for medicado por ter um final desagradável", diz.
Se fosse um clube qualquer com uma dívida dez vezes menor, o Real Madrid nem poderia pensar em contratar um jogador de terceira divisão, menos ainda pagar US$ 50 milhões pelo português Figo. No caso do Real, seu nome lhe dá crédito em qualquer banco, e foi assim que conseguiu pagar a cláusula de rescisão do jogador ao Barcelona.
Nem os quase US$ 150 milhões de direitos de tevê e publicidade, garantem tranqüilidade ao clube. Ao contrário, o orçamento está comprometido por três anos, por causa de um adiantamento das tevês.
O último caso atingiu em cheio a Primeira Divisão. O Las Palmas voltou à elite do futebol espanhol, contratou mais do que o cofre suportava e acabou com US$ 13 milhões em dívidas.
Vendo os números dos clubes, pode-se imaginar que há muitos em situação pior, como o La Coruña que deve US$ 100 milhões. Mas o atual campeão da Liga Espanhola tem cerca de US$ 80 milhões para receber, das tevês, ingressos e publicidade.
A ameaça do fim do Las Palmas ficou próximo, até que um grupo de empresários resolveu injetar dinheiro para acalmar as coisas. Mas a temporada se aproxima do final e o destino do Las Palmas não parece perto de um final feliz. "Gastaram o que não tinham, e agora vão enfrentar tempos ainda piores", prevê José Luis Nuñez, ex-presidente do Barcelona, que deixou o clube em boa situação, por causa do que o Barça ainda tem para receber das tevês. Algo incrível nesse mundo de números assustadores e dívidas que parecem não ter fim.