Rio - A crise financeira rubro-negra é uma bola de neve. Sem receber a verba da ISL (R$ 3 milhões mensais), os cofres do clube estão raspados e, por conseqüência, os jogadores estão com salários atrasados. Com os bolsos vazios, Gamarra e Edílson resolveram soltar o verbo. A situação do time está tão ruim, que nem o urubu mascote da equipe, que é 'patrocinado' no zoológico do Rio, está recebendo.
Para piorar, ainda na quarta-feira, Romário ganhou uma causa na justiça de R$ 4,5 mi contra o clube da Gávea.
O zagueiro paraguaio, que dá a entender estar sem receber o salário referente ao contrato de imagem há seis meses, acredita que a solução para o caos financeiro é a venda de um ou dois jogadores e admite deixar o Flamengo se a situação financeira não for solucionada.
"Se a situação não for regularizada, acho que ninguém ficará no Flamengo. Eu não ficarei mais. Ninguém pode trabalhar onde não tem segurança. Se quiserem me vender, tenho certeza de que aparecerá algum clube", disse o paraguaio, que recebe cerca de R$ 400 mil mensais.
Ciente da crise da ISL, mas despreocupado, Gamarra afirma espantado que, em onze anos como profissional, jamais viveu situação semelhante e receita ao Flamengo fechar novo contrato de parceria. "Nunca passei por isso na minha carreira. Nós estamos vendo a ISL se afastando. O Flamengo tem que correr com urgência atrás de uma parceria", afirmou o zagueiro.
Ele ainda dá dicas de como se administrar um clube. "É melhor ter um plantel com um ou dois craques que recebam em dia do que ter vários e não ter dinheiro para pagar", ensinou.
O atacante Edílson, por sua vez, mescla esperança na solução do atraso salarial com a decepção pela estrutura rubro-negra. "Eu me surpreendi um pouco. Falaram muito bem daqui. Se não fossem os salários, seria uma maravilha. Trabalhar sem receber é ruim. Quem tiver proposta vai sair", disse.
Pretendido pelo Vasco antes de ser contratado pelo Flamengo, Edílson diz não estar arrependido, mas dá uma alfinetada irônica. "Só deixei de ser campeão do Brasileiro e da Copa Mercosul. Mas não me arrependo", declarou o Capeta, cujo salário chega a R$ 250 mil.