Porto Alegre - Vinte e um jogos, 21 derrotas e a última colocação na tabela de classificação. A realidade da Sogipa no Campeonato Brasileiro Masculino Adulto de Basquete é desesperadora e já está virando alvo de deboche.
Mas o que esperar de uma equipe totalmente amadora, cujos jogadores não recebem qualquer incentivo financeiro e que mal conseguem treinar porque precisam estudar e trabalhar?
A equipe já vem sendo chamada de saco de pancada da competição. O grupo, apesar de guerreiro, muitas vezes entra em quadra sabendo que vai perder. Com um orçamento zero, enfrenta equipes cuja folha de pagamento chega R$ 300 mil, caso do Vasco da Gama, atual campeão e líder do campeonato.
A Sogipa tinha um projeto de patrocínio, mas, depois das primeiras derrotas, os investidores sumiram. Sem reforços, o time amarga derrotas de até 40 pontos, como ocorreu contra o Flamengo, de Oscar, no último domingo. E o baixo nível vem despertando críticas.
”Jamais vi algo parecido na história do campeonato brasileiro. É uma vergonha. Se não tem nível, não joga – diz o técnico Ary Vidal, ex-seleção brasileira, campeão pelo Corinthians de Santa Cruz do Sul na temporada 94/95 e agora dirigente no Unit/Uberlândia.”
O técnico sogipano, Antônio Krebs Jr., o Pitu, rebate, afirmando que o time está ganhando experiência. Para ele, o que importa é não abandonar o trabalho de base.
”Estamos no campeonato porque a vaga era nossa. Ganhamos ela por nosso próprio mérito. Sempre vai haver um primeiro e um último colocado, faz parte do esporte – explica Pitu. “A Sogipa já teve times fortes, mas com 90% de jogadores de fora. Não podia ser chamada de uma equipe gaúcha”, completa o técnico.
O coordenador do Departamento de Basquete, Wanderley Maso, afirma que não há crise interna.
”Nós pensávamos em chegar no Brasileiro somente em 2002. E o que está acontecendo conosco também já ocorreu com outros clubes”, diz Maso, referindo-se ao COC/Ribeirão Preto, hoje em terceiro na classificação, que começou na competição há quatro anos nas mesmas circunstâncias que a Sogipa, com um grupo da casa, com idade média de 19 anos.
Ainda restam nove jogos para a Sogipa tentar, pelo menos, uma vitória na competição.