Rio - O Comitê de Emergência da Fifa se reunirá
nesta quarta-feira, em Zurique, para tratar da falência do Grupo ISMM-ISL,
sócio na organização da Copa do Mundo de 2002. Joseph Blatter, presidente da
entidade, estará à frente do Comitê, que será integrado ainda pelos
dirigentes mais poderosos do futebol mundial. Aí se inclui o presidente da
Confederação Sul-Americana, o paraguaio Nicolás Leóz, além do argentino
Julio Grondona, do Comitê Financeiro da Fifa e vice-presidente da entidade.
O presidente da União Européia - Uefa -, o sueco Lennart Johanson
também estará na reunião. Convém destacar que a ISL deve para essa entidade
uma quantia de US$ 13 milhões - em torno de R$ 26 milhões.
A ISMM - International Sports Media and Marketing - e sua empresa de
comercialização, a ISL - International Sports Leisure -, detêm os direitos
de negociar mundialmente - à exceção da Europa - o televisionamento das
Copas do Mundo de 2002 e 2006. A ISL possui também inúmeros contratos com
federações de futebol, direitos comerciais do Mundial Sub-20, que será
disputado em junho próximo, na Argentina, além de acordos com o Flamengo e o
Grêmio, no Brasil.
Os milionários contratos que firmou em outras áreas esportivas, como
por exemplo os US$ 120 milhões - em torno de R$ 240 milhões - anuais para a
realização do Circuito da Associação de Tenistas Profissionais (ATP),
provocaram fortes endividamentos, os quais acabaram levando a empresa
multinacional à corte suíça de Zug. O pedido de três meses de prazo para o
grupo buscar um novo sócio e solucionar as dívidas foi rechaçado. Mas há
ainda uma apelação da ISMM contra a decretação de sua falência, que terá
definição em uma semana.
A Fifa assegurou nesta terça-feira que a quebra da ISMM não implica
risco algum à realização do Mundial de 2002, no Japão e na Coréia do Sul,
mesmo tendo convocado o Comitê de Emergência, em função da complicação do
caso.
Segundo o diário alemão Berliner Zeitung, as dificuldades
financeiras do grupo suíço já criaram sérios problemas para a Fifa, que
estaria obrigada a tomar um empréstimo de US$ 178,4 milhões - em torno de R$
356 milhões - ao Banco de Crédito Suíço First Boston.
A ISL detém os direitos de televisionamento do Mundial fora da
Europa, dividindo com o grupo alemão Kirch, a transmissão para o Velho
Continente. Para isto, acertou o pagamento total de US$ 771,4 milhões - em
torno de R$ 1,5 bilhão -, que seriam pagos em partes iguais por ambas as
empresas, em três cotas. Deste valor, resta ainda o pagamento de US$ 231,6
milhões - R$ 463,2 milhões -, que vencerão em outubro próximo, mais US$ 347
milhões - R$ 694 milhões -, a vencer em 15 de janeiro de 2002, além do saldo
final de US$ 77,5 milhões - R$ 155 milhões -, a ser pago vinte dias antes do
início da Copa do Mundo. Pelos direitos de marketing, a ISL deveria pagar à
Fifa US$ 202 milhões - em torno de R$ 404 milhões.