Barcelona - Todo jogador que defende sua seleção e chega a uma Copa do Mundo sonha com o título. Uns, com menos possibilidades; outros, batem na porta, chegam perto e acabam com um pesadelo. Esse foi o caso do zagueiro holandês Frank de Boer, do Barcelona. E tudo por culpa do Brasil e do pênalti perdido por seu irmão Ronald, que acabou nas mãos de Taffarel, na semifinal da Copa de 1998.
Mas esse sonho ainda pode realizar-se, embora as coisas para a Holanda na fase de classificação das Eliminatórias da Europa estejam complicadas. Afinal, no Grupo 2, a Irlanda do Norte lidera, seguida de Portugal. Apenas o primeiro se classificará para a Copa de 2002. O segundo disputará a repescagem. Frank de Boer, que bateu o recorde de 90 partidas pela seleção da Holanda, é realista e nesta conversa exclusiva com o LANCE! fala da possibilidade de ficar fora do Mundial, da semifinal da Copa da França e, claro, do Barcelona.
Está complicado para vocês conseguirem a classificação para a Copa do Mundo...
Frank de Boer: Deixamos escapar uma grande oportunidade contra Portugal. Ganhávamos por 2 a 0 e cedemos o empate. Foi decepcionante, mas ainda temos chances. Vamos ganhar os jogos que faltam.
L!: Ainda mais com a qualidade que tem a Holanda...
FB: Sim. Já demonstramos contra Portugal que temos uma boa equipe. Não podemos perder a concentração nos jogos que nos faltam.
L!: Você pensa em conquistar uma Copa do Mundo?
FB: Sim, é um sonho que não pude realizar em 98. Brasil e França eram favoritos e chegaram à final. Mas isso é futebol e é o que me faz gostar do que faço. Estivemos perto de conquistar a Eurocopa, jogando em casa, mas caímos contra a Itália.
L!: Aquele Brasil x Holanda foi uma final antecipada da Copa?
FB: Eu penso que sim, porque foi um jogo muito bonito e decidido nos pênaltis. Todas as pessoas que assistiram àquele jogo passaram ótimos momentos, com certeza. Menos nós, que sofremos com a derrota. Mas o Brasil tinha uma grande seleção, com Ronaldinho e Rivaldo, e mereceu chegar à final contra a França.
L!: Você está feliz com a atual fase pelo Barcelona?
FB: Sim. Depois de um bom começo em 98, meu primeiro ano na Espanha, tive uma má temporada no ano passado. Passei algum tempo fora do time mas lutei para voltar e quero manter esse nível. Pena que estejamos longe do título. Porém, temos chances de ganhar a Copa da Uefa e a Copa do Rei, que são competições igualmente importantes.
L!: O Barcelona é criticado por ter muitos jogadores holandeses. É difícil ser holandês em Barcelona?
FB: O último ano com Van Gaal talvez tenha sido o mais difícil, por todos os problemas que ele teve. Porém, em Barcelona olham a qualidade do jogador e não a nacionalidade.
L!: Você chegou a sentir alguma discriminação?
FB: Apenas quando não joguei bem, o que é normal. As pessoas querem ver sempre um passe de 40 metros nos pés de Rivaldo ou Kluivert. Nem sempre isso é possível porque temos muito trabalho atrás. E essa é a minha primeira obrigação dentro do time.
L!: Os problemas da defesa do Barcelona terão solução?
FB: Com minha experiência, acredito que sim. Depende de toda a equipe acreditar no esquema do técnico e na forma física dos jogadores. Tanto Abelardo quanto Reiziger, Puyol, Gabri e Sergi têm condições de levar bem a defesa do Barcelona.