Recife - Nada que o técnico Ricardo Rocha prepare para a partida de seu Santa Cruz nesta quarta à noite, contra o Grêmio, poderá assustar mais o time gaúcho do que a viagem até Recife realizada terça pela delegação. O avião em que o grupo viajava para Pernambuco apresentou problemas após decolar de Salvador e precisou retornar à capital baiana, onde ficou retido por quase três horas.
O vôo 2322 da Varig havia decolado de Porto Alegre às 14h05min. Fez escala em São Paulo e realizava em Salvador sua segunda parada por volta das 20h. O avião decolou com 108 passageiros na classe econômica e 12 na classe executiva. Logo que o aparelho levantou vôo, um forte barulho – supostamente proveniente de uma das turbinas – perturbou os passageiros, que, intranqüilos, começaram a solicitar esclarecimentos das comissárias.
O comandante, o gaúcho Luís Amodeo, disse que os instrumentos da cabine de comando não acusavam nenhuma irregularidade, e prosseguiu o vôo a uma altitude de aproximadamente 20 mil pés ainda por 20 minutos, até comunicar aos passageiros que estava voltando a Salvador devido à vibração desconhecida. A jovem Mariana Lazar, 21 anos, de Fortaleza, começou a chorar, a gritar e a rezar em desespero dentro do avião, contribuindo para aumentar o clima tenso.
“O chão tremia debaixo dos pés da gente – descreveu Darli da Silva, o Limonada, massagista do Grêmio”.
“O vôo não estava no padrão normal, havia algo errado”, definiu o diretor executivo Dênis Abrahão.
“Assim que a aeronave levantou vôo, tivemos a impressão de que ia cair”, complementou o zagueiro Mauro Galvão.
Assustados, os passageiros aguardaram no aeroporto de Salvador enquanto a manutenção era feita. O vôo para Recife estava marcado para as 23h30min.
Em Porto Alegre, ao saber ontem de manhã que seria cortado da delegação, o meio-campo Tinga chorou. Ele acabou vetado pelo departamento médico devido a uma contratura na coxa esquerda. O jogador lamentou estar fora do time justamente em sua melhor fase. Quando havia conseguido obter a titularidade da equipe, Tinga sofreu sua primeira lesão em três anos. Luiz Mário também não viajou, e Renato Martins, outro lesionado, foi liberado pelos médicos e embarcou.