São Paulo - O diagnóstico elaborado pelos técnicos da Fundação
Getúlio Vargas a respeito da primeira parte do Plano de Modernização do
Futebol Brasileiro foi apresentado no início da tarde desta quinta-feira, na
sede da FGV, no Rio de Janeiro, contando com a presença do presidente da
CBF, Ricardo Teixeira. As conclusões não foram boas, centradas
principalmente no problema do calendário esportivo nacional.
Nas premissas gerais adotadas, avaliou-se as áreas interessadas e a
conciliação de seus respectivos interesses. Assim, os técnicos da FGV
analisaram a participação dos clubes, patrocinadores, investidores,
jogadores, fornecedores, torcedores, a tevê e o governo, em núcleos com suas
prioridades distintas. Feito isso, foram detectadas deficiências funcionais
na área de gestão do futebol - de modo geral -, na administração da CBF, e
no futebol em si, que vive hoje uma carência de atratividade.
A falta de transparência das decisões da Justiça Desportiva foi apontada
como uma das deficiências no caso da gestão do futebol, assim como a não
sincronia com a Justiça comum - um bom exemplo é o caso Gama, que tumultuou
a realização da Copa João Havelange no ano passado. Os problemas
administrativos de federações e da própria CBF também foram criticados, e
apontados como causa principal, por meio dos interesses diversos, do
ineficiente calendário do futebol brasileiro. Segundo os técnicos da FGV,
não há critérios e regras na elaboração dos regulamentos, e há forte
influência da tevê e de políticos na organização das competições..
Mesmo a atuação da imprensa esportiva foi analisada. De acordo com a análise
dos técnicos da FGV, falta ética e qualificação profissional aos envolvidos.
Além do mais, é flagrante o destaque da mídia ao eixo Rio-São Paulo,
deixando de lado as demais regiões do país. O diagnóstico concluiu ainda que
o Clube dos 13 não tem poder administrativo sobre o futebol brasileiro.
Há 11 mil jogadores registrados na CBF, e 800 clubes. Foram catalogados 13
mil times amadores, com 30 milhões de praticantes do esporte. Cerca de dois
mil atletas brasileiros atuam no exterior. Quanto aos estádios, existem 308,
com mais de cinco milhões de lugares, em grande parte considerados
inadequados. De acordo com um balanço elaborado pela Fifa e enviado à FGV, o
futebol mundial movimenta US$ 250 bilhões anuais, sendo que o Brasil
colabora com US$ 16 bilhões deste total. São utilizadas por ano seis milhões
de bolas de couro, 32 milhões de camisetas, 6,5 milhões de tênis de futsal e
soçaite e 3,5 milhões de chuteiras para campo. A transmissão televisiva
rende anualmente US$ 100 milhões.