Rio - A grande fase vivida por Euller no Vasco tem nome: Gabriel, de apenas seis meses. O jogador atribui ao nascimento do primeiro filho o que ele afirma ser o melhor momento de toda sua carreira. O Filho do Vento diz que só pensa em garantir um bom futuro ao menino, já que a sua infância esteve bem longe da fartura.
Euller nasceu e cresceu em Felixlândia, interior de Minas Gerais. Na família, de classe baixa, mais quatro irmãos. A mãe, dona Zoraide, era cabeleireira. O pai, seu Orlando, motorista de caminhão. O jogador lembra que não chegou a enfrentar maiores problemas na infância, apesar da separação dos pais quando tinha 14 anos. Mas era tudo na contado. "Não vivi na miséria. Tinha o que vestir e o que comer. Mas não havia fartura. Afinal, éramos cinco irmãos. O mais importante, no entanto, foi a educação que recebi, baseada na humildade", declarou Euller.
Já Gabriel nasceu tendo o conforto que o pai não chegou a ter. Euller e Letícia, sua mulher, têm a felicidade de poderem dar ao filho tudo que uma criança precisa. "Para mim, significa muito construir uma família. Hoje, a responsabilidade é ainda maior para dar um futuro ao meu filho. Vou procurar fazer o melhor para ele, já que não tive, na minha infância, o que ele terá. Minha vida mudou totalmente, até porque sempre gostei de criança. Tanto que temos planos de ter mais dois filhos".
Gabriel é como se fosse um ‘amuleto da sorte’ de Euller. Um verdadeiro anjo que caiu do céu, justamente um dia após a estréia do pai com a camisa da Seleção Brasileira. "Ele nasceu um dia depois daquele Brasil e Venezuela, pelas Eliminatórias. Vencemos por 6 a 0. Fiz um gol e o dediquei a ele, que estava prestes a vir ao mundo".
Quem pensa que Euller não cumpre com suas obrigações de pai, já que não há muito tempo hábil para fazê-lo, está enganado. "A vida de jogador de futebol é muito corrida, com muitas concentrações e viagens. Mas sou um pai presente. Quando estou em casa, gosto de estar sempre com o Gabriel. Ajudo sempre. Dou banho nele à noite, troco fralda, essas coisas."
Euller também falou um pouco de sua adolescência. E revelou que deu seus primeiros passos no futebol num time do bairro em que morou, na capital. "Meus pais se separaram quando eu tinha 14 anos. Já morávamos em Belo Horizonte e comecei a jogar no Venda Nova, time que leva o nome do bairro. Quatro meses depois, fui comprado pelo América mineiro".
Mas não foi bem uma compra, e sim uma troca surpreendente. "O Venda Nova propôs trocar cinco jogadores por dez bolas e cinco beliches. A estrutura não era das melhores", recordou.