Rio -
A sessão final da CPI da Câmara, que investigou supostas irregularidades no futebol brasileiro, realizada para se discutir o relatório a ser enviado ao Ministério Público foi marcada por muita negociação e pouco consenso. Os deputados se reuniram às 10h, e depois de várias interrupções, terminaram a sessão por volta das 19h30min. O relatório acabou não sendo aprovado.
A sessão se iniciou com o presidente da CPI, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), agradecendo aos funcionário da Comissão pelo esforço e dedicação nos nove meses de trabalho. Mas o clima de cordialidade parou por aí e a divisão entre os deputados da "Bancada da Bola" e os deputados pró-CPI tratou de trazer à tona a rivalidade dos últimos dias.
Com um requerimento pedindo a prorrogação dos trabalhos da CPI até o dia 20 de junho, o deputado José Lourenço (PMDB-BA) mostrou que o dia seria de negociações. Ao longo da reunião a "Bancada da Bola" percebeu que tinha maioria. Hora do deputado José Rocha (PFL-BA) apresentar requerimento pedindo a votação imediata do relatório. Nenhum dos dois requerimentos foi aprovado.
O clima esquentou quando Aldo leu questão de ordem do deputado Nelo Rodolfo (PMDB-SP) lembrando que revelar dados sigilosos de CPIs constitui crime, com pena variando de seis meses a dois anos de prisão. Aldo não aceitou a questão de ordem e rebateu. “Existe uma decisão do Supremo Tribunal Federal de que, quando existe justa causa, é possível revelar até os dados reservados. Além disso, o Código Penal determina que o cidadão tem de denunciar crimes do qual toma conhecimento”, afirmou Aldo
A sessão então sofreu seu primeiro intervalo e depois de dez minutos recomeçou. Foi a vez do deputado Eurico Miranda (PPB-RJ) solicitar a retirada do pedido de indiciamento dos presidentes das federações, já que eram isentas de imposto de renda.
O relator da Comissão, deputado Silvio Torres (PSDB-SP), esclareceu que as federações estavam desobrigadas de apresentar declaração de imposto de renda só até 1999. Eurico rebateu afirmando que, no caso, as federações estariam sujeitas a uma multa e não ao indiciamento. O relator comprometeu-se a analisar as propostas de Eurico, dando a impressão de que o relatório poderia ser votado. Pura ilusão e a CPI terminou sem relatório.