São Paulo - O Corinthians está usando os caminhos abertos pela nova legislação esportiva, em vigor desde 26 de março, para reforçar a equipe para o segundo semestre.
A regulamentação vigente passou a nortear a estratégia corintiana nos negócios. Além de extinguir o passe, vínculo que prendia o atleta ao clube após o término do contrato, a nova lei dá liberdade ao jogador que não esteja sendo remunerado em dia, fato comum no futebol brasileiro. "O clube que ficar três meses sem cumprir com as obrigações dá direito ao atleta de romper com o compromisso, entendendo-se por remuneração salário, FGTS, férias etc", afirma o advogado Heraldo Panhoca, um dos redatores da Lei Pelé, como ficou conhecida a nova legislação.
A Operação Lei Pelé foi ativada há alguns meses, quando o Timão reforçou o corpo jurídico e contratou o trabalho de consultoria de profissionais especializados na área esportiva. Os primeiros filhos da estratégia devem ser os atacantes Deivid, do Santos, e Washington, da Ponte Preta.
O contrato do primeiro com o Peixe termina em 30 de junho e a sua apresentação no Parque São Jorge é só questão de tempo. Mesmo que o Santos pague US$ 1,5 milhão ao Nova Iguaçu-RJ, Deivid pode se desligar da Vila Belmiro, já que há três meses não recebe o que tem direito. A única chance dos santistas ficarem com o jogador é pagando o preço fixado pelo contrato de empréstimo ao Nova Iguaçu e quitando as dívidas com o atacante, possibilidade improvável.
"O clube que estiver organizado, com dinheiro em caixa, vai ter os melhores jogadores do país porque agora não tem de pagar nada a ninguém. É só acertar salário e luva com o atleta", afirma Heraldo Panhoca.
No caso de Washington, cujo contrato com a Ponte Preta termina só em junho de 2002, a brecha legal que está sendo explorada pelo Corinthians é o baixo valor da multa rescisória, que gira em torno de US$ 1,2 milhão (R$ 3 milhões). "Dentro da lei, pagando a multa rescisória, o jogador está livre. Mas não estou dizendo que o Corinthians está fazendo isso. Não gosto de falar nada enquanto a coisa não estiver concreta", explica Cláudio Guadagno, procurador de Washington.