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Romário não quer ser tomado como exemplo
Segunda-feira, 25 Junho de 2001, 09h54

Porto Alegre - Há um movimento particular diário capaz de deixar os treinos de Luiz Felipe na Granja Comary, para o jogo contra o Uruguai, em segundo plano.

Quando Romário se levanta e caminha lentamente para o vestiário mais cedo do que os outros jogadores, cerca de 50 jornalistas mandam às favas as orientações táticas do treinador gaúcho à beira do campo e correm para ouvir o que o craque tem a dizer.

A correria sempre vale a pena. Romário atrai a atenção e sabe como fazê-lo. Foi assim no sábado, quando o atacante, feliz por estar a apenas algumas horas da folga concedida por Luiz Felipe, resolveu falar. E como falou. Tratou dos assuntos mais variados, como greve de jogadores, a identificação com o povo brasileiro, o ódio a treinos e a acordar cedo. Com sinceridade, disse que não serve de exemplo para ninguém como atleta, graças a sua vida sem regras e cheia de prazeres notívagos.

Mas Romário na Seleção de Luiz Felipe não está sendo só frases fora de campo. O atacante surpreende positivamente. Está certo que não se esforça tanto nos exercícios físicos e de alongamento como os outros e sai mais cedo dos treinos. Mas para o ritmo normal do atacante no Vasco, parece que está se preparando para a prova de decatlo nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Acostumado a treinar apenas em um turno (à tarde, obviamente), Romário está acordando diariamente às 7h30min na concentração de Felipão.

”Estou me sentindo muito bem fisicamente. Combinei com o Paixão (preparador físico) que treino em dois turnos na primeira semana, e depois volto ao normal”, contou Romário, cujo “treino normal” quer dizer um turno só.

Paixão vem cuidando pessoalmente de Romário. Tenta adaptar a carga necessária de exercícios para os outros jogadores ao ritmo que o centroavante está acostumado.

Nunca dormi cedo, nem treinei o suficiente ou comi o que deveria comer. Por isso, não gostaria de ser exemplo para ninguém.”

A lesão na panturrilha que o afastou dos campos por quase dois meses também é levada em consideração. Nada muito forte para não prejudicar a musculatura.

”O Romário tem feito um esforço maior do que esperávamos. O relacionamento dele com a comissão técnica é muito bom”, elogiou Luiz Felipe.

O treinador sabe que o atacante merece tratamento especial. Tê-lo ao seu lado é essencial para a Seleção, carente de ídolos. Romário pode não ser um atleta ideal, mas experimente dar uma bola para ele no treino. No coletivo de sábado, por exemplo. Recebeu no meio-campo e sem olhar deu um toque, entre os zagueiros, para Euller entrar na área e fazer o gol. Coisa de gênio. Um gênio capaz de atrair a mesma atenção com a bola nos pés ou com um microfone na boca.

Agência RBS


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