Brasília e Bogotá - A violência que quase tirou a Copa América da Colômbia fez com que os jogadores da Seleção Brasileira passassem a receber tratamento só comparável ao dado a chefes de Estado em visita oficial ao país. Ou quase isso.
Desde que chegou ontem na Colômbia e até encerrar sua participação no torneio, o time brasileiro terá batedores policiais para abrir caminho e segurança 24 horas por dia, até na hora de fazer compras. Serão cerca de três agentes para cada pessoa da delegação, ou seja quase 90 policiais, inclusive peritos em bombas.
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, pediu ao ministro da Justiça José Gregori que avaliasse a melhor maneira de garantir a segurança da Seleção, no período em que ela estiver na Colômbia.
Com o pedido em mãos, Gregori determinou que a Polícia Federal montasse um forte esquema de segurança, destacando o contingente que fosse necessário, entre homens e equipamentos, para que os atletas da seleção sintam-se tranqüilos.
Por questões de segurança, a Polícia Federal ainda não pode informar o número de agentes que acompanhará a delegação brasileira, mas estima-se que a proporção deva ser de três agentes para cada membro da delegação. ''Eles (as FARC) sabem que vamos, mas não vamos com pouca gente'', explicou um integrante da PF. ''Os atletas terão segurança 24 horas por dia'', completou.
De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Federal, uma parte do efetivo embarcou no mesmo avião da delegação brasileira e a outra viajou antes, para receber a Seleção no momento de sua chegada à Colômbia.
Uma equipe de batedores policiais aguardava a chegada da seleção para abrir caminho nas ruas, do aeroporto até o local onde os atletas ficarão hospedados. Até mesmo o esquadrão antibombas será acionado para que a delegação brasileira não sofra nenhum tipo de atentado. A CBF já informou que os atletas vão obedecer a todas as normas impostas pela pela Polícia Federal brasileira para garantir maior segurança ao time.
Clima de guerra - A Colômbia vive atualmente sob um clima de guerra civil e de uma disputa por territórios, que envolve tropas do governo, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), principal guerrilha de oposição do país, e das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), grupo considerado de direita, Por isso, a segurança está sendo a grande vedete da Copa América, que começa amanhã e vai até o dia 29 deste mês, em várias cidades colombianas.
Para evitar problemas para as equipes participantes, o chefe de segurança da competição, general Aldemar Bedoya, anunciou que cerca de 20 mil policiais e três mil funcionários administrativos trabalharão no torneio. Isso dá um percentual de 100 policiais para cada jogador.
Além disso, os organizadores contrataram os serviços de uma firma americana, ligada ao Governo dos Estados Unidos, para ajudar na segurança do torneio. Várias situações de risco já foram simuladas ontem e os trajetos em que as seleções vão passar para se deslocarem no país serão fechados para evitar que os ônibus das seleções fiquem presos em engarrafamentos, sendo expostos a atentados.
Apesar de todas as medidas tomadas pelos organizadores da competição, seleções participantes não parecem se sentir muito seguras com a estadia em território colombiano. O presidente da Associação Uruguaia de Futebol, Eugenio Figueredo, solicitou que um representante do governo colombiano esteja hospedado no mesmo hotel da delegação uruguaia. Os peruanos exigem seguro de vida para entrar em campo.
O chefe do esquema de segurança da Copa América esteve na segunda para Cáli, a fim de receber a Seleção Brasileira, que fará na cidade seus três primeiros jogos. Ele informou que foram destacados para a cidade 520 homens do serviço secreto, que fiscalizarão campos de treinamento, hotéis e o estádio Pascual Guerrero.