Rixa entre Colômbia e Argentina invade a imprensa

Segunda-feira, 16 Julho de 2001, 19h47

Cali - Enquanto o índice de criminalidade diminuiu 23% em Cali desde o início da Copa América, as razões da violência na Colômbia que fez a Argentina se ausentar do torneio aguçaram críticas na imprensa local e internacional.

O editor esportivo do El País, Rubén Darío Valencia, qualificou de "injuriosos e desatualizados" os comentários de um jornalista argentino em um canal internacional e uma reportagem feita pela televisão mexicana. Segundo Valencia, o jornalista agradeceu pelo fato de que Argentina "não tenha ido à boca do lobo".

O editor critica em seguida a televisão mexicana -- não identificou qual -- por uma reportagem "que fabricou sobre o futebol colombiano" mostrando Cali, onde joga a seleção mexicana, como uma cidade "onde as pessoas não se atrevem a sair às ruas".

O jornalista de El País escreveu que Argentina "não é pária do mundo porque teve brutais ditaduras militares com milhares de desaparecidos que choram as Mães da Praça de Maio, nem porque seu mais recente presidente (Carlos Menem) está preso por corrupção ou simplesmente porque Maradona é um viciado em droga".

Valencia diz que a seleção mexicana "não deve deixar de ser convidada à Copa América nem à Copa Libertadores da América só porque em seu país se movimentam os mais poderosos clãs do planeta ou porque sustenta uma guerra com os zapatistas...".

Contra a antiga violência que sacode o país, a inauguração da Copa América no estádio de Barranquilla incluiu um ato poético pedindo a reflexão antiviolência a cargo da mezzo-soprano colombiana Martha Senn.

Mas a mensagem foi criticada por Adriana Santacruz, que no El País se indaga por que Senn teve que gritar "nossas desgraças".

Ela também critica a Presidência da República por ter dado à imprensa um folheto que contém uma história da guerra interna colombiana e seu atual processo de paz. "Me pergunto se uma Copa América é ocasião para falar do assunto", escreveu Adriana Santacruz.

France Presse