Londres - Os motores silenciaram. A Fórmula 1 arrumou suas malas e entrou de férias. Agosto terá apenas uma corrida este ano, e está em vigor uma proibição de testes por três semanas entre a corrida do domingo passado, em Hockenheim, e o GP da Hungria, em 19 de agosto.
A intenção é dar um descanso às pessoas que fazem o circo da F-1 funcionar. Não espere, porém, uma corrida de mecânicos e pilotos rumo às praias ao redor da Europa. Para muitos, o show não pode parar.
Tome por exemplo o piloto David Coulthard, da McLaren. Ele tinha um evento promocional em Silverstone agendado para o dia seguinte à corrida na Alemanha e depois, na sexta-feira, tinha outro compromisso do gênero na Eslováquia.
``Eu preciso de um intervalo para conseguir parar e começar de novo, porque as corridas não param de vir, uma atrás da outra'', disse o escocês em Hockenheim. ``São vôos, viagens, todo o resto -- este é o outro lado do negócio, que nos consome muito.''
Mesmo se só por uns dias, a interrupção dá às escuderias a oportunidade de recarregar as baterias no meio de uma cansativa temporada de 17 corridas em quatro continentes.
``As pessoas neste esporte trabalham muito duro e nunca tiveram no passado uma chance de passar umas férias de verão com suas famílias ou ver seus filhos'', disse o chefe de equipe Eddie Jordan. ``Isso afeta os relacionamentos. Eu sentia que precisávamos de um descanso das pressões.''
O diretor da equipe British American Racing (BAR) Ron Meadows, satisfeito em poder ir curtir as férias com a família na França, descreveu em detalhes o que Jordan quis dizer por ''pressões''.
``Minha semana de trabalho é, em média, de 110 horas'', disse. ``O normal é trabalharmos 10 a 12 horas às segundas, terças e quartas. Depois passamos a ter dias de 18 horas até o domingo à noite, e você não volta para casa até as 2h de segunda.''
Ainda assim, terminada a corrida, o trabalho continua. Os mecânicos precisam desmontar e empacotar os carros para enviá-los ao próximo destino do calendário. Trata-se de uma trabalho que não pode ser feito às pressas, umas vez que a vida dos pilotos depende de os carros serem montados corretamente e com precisão.
E pode haver também uma sessão de testes entre uma corrida e outra, como ocorreu em Monza uma semana antes de Hockenheim. Um grande acidente ou um problema durante uma teste pode ter um efeito devastador na atribulada agenda de trabalho das escuderias.