Rio - Pouca gente sabe, mas depois que abandonou os gramados, no início dos anos noventa, o argentino Mario Kempes, artilheiro da Copa do Mundo de 1978, dirigiu equipes de vários países. Passou por Bolívia, Venezuela, Indonésia e até Albânia, de onde fugiu após explodir o conflito étnico nos balcãs. Há poucas semanas, assumiu a Fiorenzuola, da Terceira Divisão do futebol italiano.
Sabatinado nos últimos dias pela imprensa italiana, Kempes, de 47 anos, repetiu o discurso dos companheiros de geração e afirmou que só soube que a ditadura militar ajudou a Argentina a conquistar a Copa de 1978 anos depois.
“Havia um regime ditatorial, mas eu e os demais jogadores não sabíamos das manobras dos militares – disse ele, referindo-se ao episódio em que a Argentina bateu o Peru por 6 a 0 e classificou-se para a final, eliminando o Brasil no saldo de gols.
Como ficou comprovado anos depois, boa parte dos peruanos se deixou subornar pelos homens dos generais Galtieri e Videla.
Dos vencedores de 78, apenas Passarella conseguiu sucesso como treinador. Segundo Kempes, a dificuldade vem do fato de que o futebol argentino se concentra basicamente em Buenos Aires.
“Se você não mora ou foi criado em outra praça fica difícil”, diz "El Matador", como ficou conhecido na Espanha, onde foi artilheiro da Liga Espanhola durante duas temporadas, pelo Valencia.