Belo Horizonte - O secretário municipal de Esportes, Enílson Heiderick, criticou ontem a postura da TV Globo de transmitir para Belo Horizonte e Região Metropolitana, de jogos de times cariocas ou paulistas pelo Campeonato Brasileiro em detrimento a América, Atlético e América. Detentora dos direitos de transmissão do campeonato, a emissora programou, em 27 rodadas da 1ª fase, apenas um jogo de time mineiro para o Estado (Santos x Cruzeiro, dia 11/11). “Claro que isso traz um prejuízo enorme para os clubes e também para os jogadores, que acabam ficando fora da vitrine", disse o vereador.
Para Enílson Heiderick, a TV Globo deve estar se baseando numa pesquisa - da qual ele possui uma cópia - feita na da Zona da Mata mineira onde normalmente os clubes cariocas têm a preferência da torcida. “O Flamengo está em primeiro lugar, seguido do Vasco, Fluminense e do Corinthians, o único paulista entre eles, ocupando a quarta posição. Cruzeiro e Atlético ocupam sétimo e oito lugar na pesquisa realizada naquela região. Um clássico entre esses dois não tem audiência lá", salientou o secretário.
Enílson Heiderick entende que a TV Globo deveria rever a sua posição. “É um assunto que precisa ser discutido. Os torcedores de outras regiões querem ver jogos dos times mineiros. A tecnologia hoje está avançada, o que facilita para a emissora abrir o sinal especificamente para cada região. Hoje tudo está mais fácil", afirmou.
Enílson Heiderick não poupa críticas aos dirigentes dos times mineiros. Segundo ele, eles também são responsáveis pelo que está ocorrendo. “Quando do fechamento do contrato com a televisão, eles deveriam ter exigido mais jogos dos times mineiros. Depois da tabela feita, fica mais difícil brigar", disse o secretário municipal de Esportes.
Apesar de lamentar a falta de exposição dos clubes mineiros nas transmissões da TV Globo, o secretário estadual de esportes, Sérgio Bruno Zech Coelho, reconhece sua impotência diante da situação. O máximo que diz poder fazer é uma carta de repúdio, mas, assim como defende a Federação Mineira de Futebol (FMF), este desejo teria que partir primeiramente dos clubes.
“É uma questão primordialmente comercial por parte da Rede Globo. Ela fez um contrato com o Clube dos 13, que a gente não tem noção do que seja", observa o secretário, que admite que o futebol, devido ao nível profissional que chegou, não entra muito na área de atuação da Secretaria, que tem privilegiado programas específicos para comunidades carentes.
Zech Coelho prefere não comentar a situação financeira dos clubes, como o Atlético, mergulhado em dívidas, que teria proporcionado uma relação pouca sadia com a Globo. “Eu, como presidente de clube, do Minas Tênis Clube, prefiro não opinar. Mas cada um sabe onde o calo aperta. Não sei se a Globo tem 'aproveitado' dos clubes", registra.
A questão da transmissão de TV não é só um problema do futebol. O secretário destaca que as emissoras não concordam em transmitir jogos de voleibol porque a maioria dos clubes tem nomes de empresa (o Minas, no feminino, tem o patrocínio da MRV, por exemplo). Nos programas da Rede Globo, o Rexona acaba virando Paraná devido a esta questão “filosófica", de acordo com o secretário.