Rio – Luiz Felipe Scolari passou o dia em que completou 53 anos de idade juntando os cacos da Seleção Brasileira após a derrota vexaminosa de 3 a 1 para a Bolívia que deixa de prontidão os mais de 150 milhões de brasileiros.
O temor de que o Brasil ainda tenha de jogar repescagem com a Austrália para conseguir vaga para a Copa de 2002 e nem assim conseguir foi discutido na reapresentação de ontem na Granja Comary. O técnico ficou trancado com os jogadores por 45 minutos - o equivalente a meio tempo de uma partida - para falar sobre os erros cometidos e cobrar ''atitude e personalidade'' da equipe na quarta-feira, contra a Venezuela, em São Luís.
Depois, no intervalo, comandou treino de dois toques reunindo três times na famosa roda de bobo. Vinte minutos depois, no segundo tempo, Felipão, que ontem não deu entrevistas, mostrou em mais 45 minutos o que vai querer no jogo que valerá a classificação para o Brasil: pressão total sobre o adversário. O treinador formou duas equipes, usando metade do campo. A que atacasse teria de marcar um gol na outra em cinco minutos, com as duas se alternando nas funções. Ou seja: Felipão explicou aos jogadores que a partida de quarta-feira deve, e precisa, ser decidida logo no início.
Pressão - O fato de os ingressos do Castelão, local da partida, estarem praticamente esgotados significa, de um lado, apoio total. Mas de outro, impaciência e pressão caso o momento mais esperado de uma partida não aconteça logo. E a guerra psicológica parece incomodar a comissão técnica da Seleção Brasileira tanto quanto o seu adversário. A Venezuela é fraca, sem tradição, mas vem de quatro vitórias seguidas nas Eliminatórias.
''O time deles é bom e está em evolução'', comentou o coordenador técnico Antônio Lopes, que elogiou a equipe inteira da Venezuela, mas só lembrava de um nome. ''Os volantes são bons, sabem sair para o ataque. Tem aquele meia, o 16, bastante veloz. O número 20 também, e o Noriega é muito perigoso'', completou Lopes, que no fim fez questão de demonstrar confiança. ''Nosso time é superior e vai chegar à vitória.''
O discurso procurando passar confiança parece ter sido ensaiado após a reunião do técnico com os jogadores, que usaram os tradicionais clichês. ''Ninguém gosta de errar, ainda mais num jogo daquele. Estamos tristes, mas após a reunião o grupo ficou fechado. Sabemos da nossa responsabilidade'', disse o zagueiro Juan, que falhou no primeiro gol da Bolívia ao escorregar e perder a bola para o atacante Lider Paz. ''Temos de esquecer tudo o que passou. Agora, é vencer a Venezuela para ir à Copa'', afirmou o lateral-direito Cafu, que cometeu o pênalti que originou o terceiro gol boliviano, no fim da partida. ''A Venezuela está aí, mas o Brasil é o favorito'', completou Edílson, autor do gol do Brasil.
Luizão - E por falar em atacante, Luizão está clinicamente curado da lesão na coxa esquerda, fez musculação e deu várias voltas no campo, acompanhado do lateral-esquerdo Roberto Carlos, recuperando-se de contusão no joelho direito. E passam a ser boas opções de Felipão, que pode pôr Luizão recuando Rivaldo para o meio-campo, saindo Zé Roberto - na defesa, Roque Júnior deverá substituir Lúcio e Roberto Carlos, caso seja liberado, entrará no lugar de Serginho. ''Vai depender da reação dos dois nos treinos'', disse o médico José Luís Runco.