Genebra (Suíça) - A Uefa estuda atualmente a possibilidade de reduzir a segunda fase da Liga dos Campeões por causa do grande número de jogos, segundo seu secretário-geral, Gerhard Aigner.
"Ainda estamos na fase de consultas, mas apresentaremos nossas conclusões na próxima reunião do comitê executivo, que será realizada nos dias 12 e 13 de dezembro em Nyon (Suíça)", afirma Aigner, em declarações publicadas hoje, quarta-feira, no jornal de Genebra "Le Temps".
Aigner reconhece que "há uma saturação geral, devido à abundante oferta de jogos (pela televisão)", o que não afeta a Liga dos Campeões concretamente, mas sim a Copa da Uefa.
"Em relação à Liga dos Campeões, comprovou-se que quando realizamos jogos duas vezes por semana (terça-feira e quarta-feira) os telespectadores optam por apenas um", explica.
"No começo dos anos 90, as primeiras adaptações (da Liga dos Campeões) respondiam a uma popularidade crescente: os clubes e as federações queriam um número maior de participantes".
"Depois, a Media Partners quis o monopólio e pensou em convidar o maior número de equipes. Tivemos que convencer os clubes de que estavam indo por um mal caminho. Mas eles tinham fome de dinheiro e o mercado estava disposto", critica o secretário-geral da Uefa.
"Atendemos a demanda dos clubes oferecendo duas rodadas para aumentar os lucros", acrescenta Aigner, que já previa as conseqüências: "temos muitos jogos e fica a dúvida se os jogadores estão sendo sobrecarregados".
Questionado sobre se existe a possibilidade de reduzir o número de equipes que participam da Liga dos Campeões (32, sendo quatro dos 'grandes' países), Aigner afirma que se tomasse essa decisão, seria preciso excluir os grandes".
"Mas acho que continuaremos com 32 e eventualmente suprimiremos a segunda fase de alguns grupos", acrescenta.
Perguntado por sua relações com o G14, constituído pelos quatorze clubes europeus mais poderosos, que querem mais partidas ao invés de menos, Aigner diz: "Os clubes têm sempre necessidade de dinheiro e quanto mais dinheiro podemos lhes oferecer, melhor".
"No entanto", acrescenta, "acho que hoje os mercados estão estacionados ou até em regressão, como na Itália, e os clubes sabem disso. Estamos querendo voltar à normalidade".
Aigner diz que não há unanimidade no grupo dos quatorze embora "estejam de acordo de que se chegou ao limite, sobretudo por culpa de um calendário sobrecarregado".
"Se reduzirmos o número de jogos, os clubes perderão os ganhos tanto das bilheterias como dos contratos. Por isso seria bom poder propor menos jogos, mantendo os lucros", destaca.
O contrato com a sociedade Team Marketing, que administra os direitos comerciais da Liga dos Campeões, vence em 30 de junho de 2003, e a Uefa recebeu quatro ofertas para as três temporadas seguintes: da própria Team Marketing, da Octagon CSI, da IMG/TWI e da AIM International".
"Essas quatro sociedades devem apresentar seus projetos de maneira mais detalhada até o final de mês. Serão escolhidas duas delas para a decisão final, que será tomada na próxima reunião do comitê executivo", explica.
Sobre se a Uefa continuará com o sistema atual de um jogo na tevê por assinatura e outra na aberta, Aigner explica: "A Comissão não aprova que tenhamos um contrato exclusivo com apenas uma rede, que depois pode por sua vez assinar contratos com outras. Ela rejeita o monopólio. Temos que fazer propostas a várias delas: um produto diversificado para diferentes tipos de TV", diz.