São Paulo – A israelense de origem ucraniana Tatiana Shaposhnikov vem roubando a cena no Rexona/Paraná. A jogadora, de 25 anos, foi um dos maiores investimentos do time para a disputa da próxima temporada da Superliga. A equipe busca o tricampeonato nacional.
A estréia de Tali, como vem sido chamada pelas companheiras, deve ser no próximo dia 29 na disputa do Grand Prix, competição preparatória para a Superliga.
Com 1,95 metros, a jogadora, que fala quatro línguas (russo, hebraico,
italiano e inglês) agora tenta aprender o português. Veja a seguir a entrevista concedida por ela à assessoria de imprensa do clube:
Pergunta Com quantos anos você começou a jogar?
Tali Eu tinha 7 anos. Na Rússia, as pessoas começam a praticar esporte muito cedo. Lá, profissionais vão às escolas para conhecer as crianças e ver qual particularidade cada uma tem. Por exemplo: eles falam se você tem altura para praticar vôlei ou basquete, etc. e indicam o que é melhor para cada um. Eu escolhi o voleibol. Minha mãe não queria que eu treinasse porque eu já tinha aulas de piano e com o vôlei não teria muito tempo para estudar. Ela estava certa, mas assim mesmo fui treinar. Eu sou a primeira esportista da minha família.
Pergunta Israel não tem tradição no voleibol mundial. Como era o
treinamento no seu país quando você começou?
Tali Eu joguei em alguns clubes e na seleção feminina em que fui capitã.
Não temos tradição porque as atletas somente treinam em grupo um pouco
antes de cada competição. A Federação não tem dinheiro para manter uma
seleção e o governo não colabora muito.
Pergunta O que você acha da forma de treinamento no Rexona? Quais são
as diferenças que você vê entre a preparação no Brasil e nos outros países?
Tali Gosto do sistema utilizado no Rexona. É bastante exigente, mas muito
interessante porque trabalhamos durante um tempo pequeno, cerca de 3 horas
a cada período, duas vezes por dia, mas com um treino intensivo. O método é
diferente de outros países onde temos mais horas seguidas de treino, muito
longas, mas com um trabalho não tão forte. Outra diferença: nos outros
países eu nunca trabalhei o lado físico todos os dias. Esta é a minha
primeira vez, mas acho bom para me deixar mais potente.
Pergunta O que você acha da estrutura do Centro Rexona?
Tali É bastante grande. Nós temos ótimas condições para treinar. Nunca vi
uma estrutura como essa antes. Além do time, aqui temos muitas crianças que
também treinam dentro de uma proposta de trabalho muito séria.
Pergunta Você conhece outras jogadoras brasileiras? Você gosta de
alguma atleta em especial?
Tali Conheço a Ana Flávia que joga na Itália e gosto muito da maneira de
jogar da Walewska.
Pergunta Como você vê o voleibol brasileiro no contexto mundial?
Tali O Brasil tem jogadoras muito boas e com força no ataque. Elas são
respeitadas no exterior.
Pergunta No último fim de semana você esteve no IV Internúcleos e
conheceu melhor o trabalho que o Centro Rexona desenvolve junto às
crianças. O que você acha desse projeto?
Tali É um programa muito importante para o futuro dessas crianças e para o
desenvolvimento do esporte em geral. Eles têm sorte porque aprendem dentro
de uma estrutura muito boa. Na Rússia, eu vi um trabalho parecido, mas não
tão grande.
Pergunta Como está a sua adaptação ao clima de Curitiba?
Tali Muito boa. A cidade é muito agradável e a temperatura é similar à de
Israel. Por causa disso, não estou tendo problemas.
Pergunta - Você fala quatro línguas: russo, hebraico, inglês e i
Taliano.
Como é a sua comunicação com a equipe?
Tali Eu sempre tento entender o português. Com a Denise e a Filó converso
em italiano e com as outras jogadoras em falo em inglês.
Pergunta Você já morou em vários países: Japão, Itália e Alemanha. Em
qual deles a sua adaptação foi mais difícil?
Tali Nunca tive dificuldade para me adaptar à comida, por exemplo, mas em
relação às pessoas sim. Acho que a Itália foi o país onde tive menos
facilidade porque eles têm uma mentalidade diferente.
Pergunta O que é importante na vida?
Tali As pessoas respeitarem umas às outras.
Pergunta Você já aprendeu alguma palavra em português? Você acha que a
língua portuguesa é difícil?
Tali A primeira palavra que eu aprendi foi “obrigada” e a segunda foi
“oi”. É engraçado porque na Itália as pessoas falam “tchau” para dizer olá
e adeus. Quando cheguei aqui em falei tchau para as colegas e elas me
perguntaram: “aonde você vai?”. Então elas explicaram que eu deveria dizer
“oi”. É diferente aqui, mas eu acho estranho falar... “oi” (risos). O
idioma é difícil, mas sempre que posso assisto televisão para tentar
entender o que as pessoas falam. Além disso, trouxe um livro com frases do
dia-a-dia e estou estudando através dele. Eu também aprendi a falar
italiano sozinha com um livro como esse.
Pergunta Você tem namorado? Onde?
Tali Sim, o meu namorado mora em Israel.
Pergunta Como você lida com a saudade de casa?
Tali Quando eu escolhi esta profissão, sabia que teria que viver longe
deles, mas eu sempre telefono para casa, trocamos e-mails e eu tenho um
monte de fotos da minha família, dos amigos e do meu namorado, é claro (risos).
Pergunta Qual é a sua formação escolar?
Tali Terminei o segundo grau e fiz um ano de Escola Militar, obrigatória
para homens e mulheres. Gostaria de estudar letras ou alguma coisa ligada à
computação. Atualmente, não tenho tempo, mas vou continuar a estudar um dia.