Vitoria - O modesto Deportivo Alavés, uma equipe que estava há onze anos na Terceira Divisão, lidera provisoriamente a máxima categoria espanhola aguardando o que faça este domingo o Betis, depois de derrotar (2-0) ao Barcelona, que foi dominado de do início ao fim pela equipe de Vitória e caiu com total justiça no estádio de Mendizorroza.
O jogo engrandeceu a figura de uma equipe, o Alavés, que pretende quebrar esquemas e questiona nesta campanha o monopólio dos grandes, e de passagem escureceu a um impotente Barcelona, cujo futuro nesta Liga se complica após fracassar com estrondo esta noite.
De início, o técnico do Barcelona, Carles Rexach, pôs em campo um uma equipe dificílmente entendível para salvaguardar a integridade de seu time. O técnico visitante, temeroso do dinamismo de Magno Mocelin, encomendou a Puyol uma marcação individual sobre o ítalo-brasileiro, prescindiu de seu lateral esquerdo (Coco) e colocou três centrais para assistir ao único dianteiro local, Rubén Navarro.
O planejamento de Rexach foi um fracasso, desconcertou jogadores e permitiu ao Alavés o domínio no meio-campo, onde a perseverança de Turiel serviu de contraponto perfeito para complementar a sábia batuta de Pablo Gómez.
De um brilhante passe do meio-campista vitoriano se originou o primeiro gol da partida. Medina Cantalejo marcou como pênalti uma suposta derrubada de Andersson a Rubén Navarro quando este encarava a Bonano, que foi feito pelo especialista Carlos Llorens.
Este gol acentuou a diferença entre uma equipe insolente de sacrifício, modelo de organização e conhecedor de suas virtudes (o Alavés) e outro, o Barcelona, que não encontra o caminho, desperdiça a qualidade de seus jogadores e sem nenhuma coerência em seu desenho tático.
Todas as estrelas do Barcelona foram apagadas do mapa pelo sóbrio trabalho defensivo da equipe vitoriana, com menção especial para o estrangeiro Oscar Téllez. Kluivert voltou a dar mostra que nunca pode jogar de lateral, Rivaldo desaparece como atacante central e Overmars não encarou nunca a Geli.
Para mais vergonha do Barcelona, a sorte se aliou de seu lado quando Turiel, chutou uma bola na trave esquerda coincidindo com a melhor fase de um Alavés encorajado que converteu em uma caricatura a seu oponente.
Apesar de Rexach tentar reconduzir a situação no intervalo ao dotar de maior consistência ao meio-campo com a entrada de Rochemback e Gerard, a sorte da decepcionante equipe catalã estava decantada.
A certeza da superioridade (min. 62) esteve a cargo de Ibon Begoña, que colocou uma soberba canhota em meio voleio desde 25 metros, o que fez inútil a ponte de Tito Bonano. Mendizorroza explodiu então de alegria e começou a assegurar-se que o Alavés fazia realidade o sonho de ostentar a liderança da primeira divisão.
Intactos seus tradicionais sinais de identidade, a equipe do Alavés ficou no mais alto da tabela classificatória e apresenta sua candidatura para conseguir as máximas cotas. Ao Barcelona, claro, o transformou em uma caricatura.