Porto Alegre - Nesta quarta, 19 de dezembro, Mauro Galvão, zagueiro do Grêmio, faz 40 anos. Ele já conquistou 17 títulos na carreira – e quer mais. “Acho que vou jogar mais uns dois ou três anos. Mas não sei. Perguntaram isso quando eu tinha 35 anos e eu respondi a mesma coisa”, lembra Mauro Galvão, com desprezo por previsões.
Ele aponta o segredo. Não bebeu, não fumou, dormiu cedo, treinou, e, principalmente, nunca perdeu o prazer de jogar. “Eu me senti muito mal no Vasco, em 2000, com aquela briga entre o Romário e o Edmundo. Se eu pudesse voltar no tempo, rescindiria o contrato e iria embora”, afirma Galvão, ao relembrar o único episódio amargo das 23 temporadas que viveu como profissional.
Por isso, garante: quando não se sentir satisfeito com o próprio desempenho, quando o prazer sumir, deixa tudo e entra para um curso de técnico, possivelmente em Lugano, na Suíça, onde jogou de 1990 a 96.
O Grêmio, é certo, renovará seu contrato, em fevereiro. Mauro Galvão será figura fundamental para a realização do sonho do Tricolor de ganhar a Libertadores e voltar a Tóquio, onde já esteve em 1983 e 95. “Ele é um jogador tão valioso, que pretendemos usá-lo apenas uma vez por semana, para evitar um desgaste maior”, diz o técnico Tite.
Galvão respeita: diz que o Grêmio tem que pensar no melhor para o próprio clube. Mas visivelmente não gosta da idéia. Recorda que, no primeiro semestre deste ano, atuou em todas as 35 partidas. “Quem está bem deve continuar.”
Ele percebe que crescem as especulações sobre seus limites. Em outras palavras: muitos gremistas acham que ele já deu o que tinha que dar. Mas Galvão não se abala. Deduz que essa imagem decorre de um segundo semestre ingrato, durante o qual praticamente não jogou. Uma inflamação no tendão-de-aquiles levou três meses para ser curada; na volta, a longa inatividade causou-lhe uma distensão muscular.