Rio - Luciano Pagliarini herdou a primeira mountain bike do pai, que em 1993 ganhou a bicicleta num sorteio e deu o prêmio de presente para o filho, então com 14 anos. Hoje, aos 23, o paranaense vive na Itália e é o único brasileiro disputando o Circuito Mundial, a Divisão de Elite do ciclismo.
“No começo, os outros competidores achavam estranho, mas agora já estão acostumados com a minha presença”, conta ele. – As piadinhas, no entanto, são inevitáveis. Sempre tem um que diz: “Quem é esse cara? Brasileiro? Dá uma bola de futebol para ele!”, diverte-se Luciano.
O convite para tentar a vida na Europa apareceu em 1998. Luciano defendia uma equipe nacional e, naquela temporada, venceu 38 provas. Campeão do torneio de ciclismo do Festival Olímpico de Verão, foi descoberto por um olheiro italiano. “Os primeiros meses foram difíceis. Sentia saudades, solidão e ainda tinha de enfrentar o preconceito.”
Hoje, Luciano tem à disposição uma estrutura com a qual dificilmente poderia contar se tivesse ficado no Brasil. Sua equipe, a Lampre, tem mais de 40 profissionais, entre médicos, técnicos, preparadores físicos e atletas. Por semana, são disputadas de quatro a cinco provas na Itália, que tem tradição no esporte: os ciclistas do país costumam participar de todas as etapas do Circuito Profissional e da Copa do Mundo. “O ciclismo muita força na Itália, quase tanta quanto o futebol tem aqui”, aposta Luciano.