Rio - Neste ano o futebol do Flamengo será comandado por um grupo político que veio da arquibancada e flutua entre situação e oposição desde que Edmundo dos Santos Silva assumiu a presidência do clube, em 1999. Mário Cézar Monteiro chegou à vice-presidência de futebol ajudado por Leonardo Ribeiro, Eugênio Onça, Betinho e Mauro Serra, os chamados diretores torcedores do clube.
Para isso, eles contaram com o apoio decisivo do vice-presidente geral, Júlio Lopes, que aposta no apoio deste grupo para ter sucesso político: ele será candidato a deputado federal no fim do ano.
Antes mesmo de assumir, Monteiro deixou transparecer seu lado torcedor. Declarou-se contra o ‘estrelismo’ de Edílson e Petkovic, criticou a indisciplina de Beto e reclamou da queda de rendimento dos laterais do time. Também sonhou com a contratação de Dunga para que fosse seu braço direito na luta contra os irresponsáveis do grupo.
O dirigente afirma que o estilo rigoroso não é herança dos tempos em que foi Juiz Militar Federal, de 80 a 97. “Não sou militar e nem tenho parente que seja. Mas sempre pautei minha vida pela disciplina e não abro mão dos meus valores”, diz.
Chegar à vice-presidência foi a primeira vitória política de Monteiro no Flamengo. Desde 82, o mais perto que chegou do poder foi apoiando Edmundo dos Santos Silva em sua reeleição, no ano 2000. Na época, o advogado era o vice da chapa de Leonardo Ribeiro, que retirou sua candidatura no dia da eleição para unir-se ao presidente. “Nunca fui um sucesso político no clube”, admite. “Vou tentar mudar isto administrativamente. Não sou frágil como um vaso de planta.”
Manso na fala, mas contundente nas palavras, Monteiro já tem desafetos no clube. Na última semana, surgiram vários e-mails na caixa de Edmundo dos Santos Silva com críticas à postura do novo vice. “Sei que posso estar incomodando. Mas isso acontece porque não tenho medo de dizer o que todos pensam e não têm coragem”, dispara Monteiro. “Vou negociar quem estiver fora da nossa realidade, seja quem for.”