Monte Carlo - A IAAF confirmou o resultado positivo por nandrolona do atleta cubano Javier Sotomayor, recordista mundial de salto em altura, na reunião de Tenerife (Espanha) em 14 de julho passado, podendo ser suspenso definitivamente do atletismo, apesar de já ter se retirado das competições.
A Federação Internacional ordenou que fosse repetida a análise da amostra B de urina que já havia apresentado inicialmente indícios de nandrolona, e os resultados desta nova análise, efetuada no último dia 3, confirmaram os da amostra A, segundo o porta-voz da IAAF, Giorgio Reineri.
O teste de doping ao qual foi submetido Sotomayor em 14 de julho na reunião internacional da Ilha de Tenerife revelou que em sua urina havia uma taxa de nandrolona quatro vezes superior ao limite permitido, que é de dois nanogramos por mililitro.
A diferença entre as cifras encontradas nas duas amostras de urina (8,6 nanogramos por mililitro na A e 4,3 na B) "não têm mais valor que o fato de que em ambas se supera claramente o limite de segurança estabelecido, que é de 2 nanogramos, para descartar a possível origem endógena", explicou à EFE um especialista.
"As cifras divulgadas publicamente", acrescentou, "são uma média estatística de outros muitos resultados que são tomados em um teste de doping e dá no mesmo um nível de 2,5 e um de 2.000. O que está claro é que em ambos casos se ultrapassou o limite de segurança e o resultado é sem dúvida positivo".
A nandrolona é uma substância anabolizante que facilita o trabalho muscular e permite uma recuperação mais rápida em caso de lesão ou baixa condição física.
O atleta de Limonar, punido durante toda sua carreira pelas lesões no calcanhar esquerdo, afirmou às vésperas da reunião de Tenerife que competia com uma leve tendinite na perna esquerda. Apesar disso, Sotomayor ganhou a prova com um salto de 2,29 metros.
O primeiro doping confirmado de Sotomayor foi nos Jogos Pan-americanos de Winnipeg'99, quando foram detectados em sua urina vestígios de cocaína, sendo condenado em primeira instância a dois anos de suspensão, mas depois a IAAF o perdoou "por sua excepcional trajetória esportiva".
O próprio atleta, apoiado pela Federação Cubana, proclamou aos quatro ventos sua inocência e classificou o caso como um complô contra o regime cubano e contra sua própria imagem.
O indulto parcial da IAAF permitiu a Sotomayor participar dos Jogos Olímpicos de Sydney, onde quase conseguiu a medalha de ouro. Um salto de 2,32 metros lhe deu a prata em sua despedida dos Jogos.
Em 15 de setembro passado, Sotomayor disputou em Iocoama (Japão) sua última competição oficial e se despediu vitorioso com um salto de 2,31 metros. Quatro semanas depois, em 12 de outubro, um dia antes de completar 34 anos, anunciou sua retirada do atletismo mesmo tendo anunciado dois meses antes, nos Mundiais de Edmonton, que tinha planos de continuar a competir por mais um ano.
Sotomayor conseguiu sete títulos mundiais, um olímpico e outro em Copa do Mundo, além dos recordes mundiais de salto em altura ao ar livre (2,45) e em pista coberta (2,43).
Sotomayor, ídolo esportivo em Cuba e em todo o universo esportivo, recebeu em 1993 o prêmio Príncipe de Astúrias dos Esportes, que levam o nome do herdeiro da Coroa espanhola.