Atenas - Uma equipe de inspeção do Comitê Olímpico Internacional (COI) chega à Grécia na segunda-feira em meio a uma acirrada disputa política envolvendo os atrasos nos preparativos para os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.
A equipe encabeçada pelo inspetor-chefe Denis Oswald vai avaliar os progressos em construções, transportes e acomodações -- áreas em que a Grécia está tendo dificuldades para manter o cronograma, mesmo depois de diversas advertências e visitas do COI.
``O COI quer se certificar de que nada saia errado em Atenas enquanto as atenções estão voltadas para Salt Lake City (sede dos Jogos de Inverno)'', afirmou um diretor do ATHOC, o comitê de organização dos Jogos.
Discussões internas e burocracia prejudicaram os esforços da Grécia em organizar as Olimpíadas, fazendo com que o COI chegasse a fazer ameaças de mudar a sede caso Atenas não apresentasse melhores resultados.
A visita do COI acontece apenas alguns dias após mais uma discussão acalorada, quando o primeiro-ministro Costas Simitis, que assumiu pessoalmente a liderança dos preparativos, apelou para o parlamento, pedindo apoio político.
``Os Jogos Olímpicos são uma causa nacional'', afirmou Simitis na quarta-feira. ``Não deveriam ser alvo de oportunismo político''.
O líder da oposição conservadora, Costas Karamanlis, apresentou ao parlamento um relatório interno do ATHOC, mostrando que muitos projetos continuam fora do cronograma.
O documento, que foi parar nas manchetes dos jornais e imediatamente gerou protestos dos ministros responsáveis pelas obras, não é novidade, afirma o ATHOC.
Eles estão conscientes dos atrasos e já dobraram os esforços para recuperar o tempo perdido.
``É um relatório interno de pouca importância'', disse à Reuters um diretor do ATHOC. ``É verdadeiro, mas isso muda mensalmente, às vezes até semanalmente, e não significa muita coisa''.
Mas essa é uma decisão do COI. Os seis inspetores vão se reunir com representantes do ATHOC na segunda e terça-feira, antes de divulgar seu veredicto numa coletiva.
Entre outros problemas, um ginásio para o tênis de mesa e a ginástica em Galatsi, um centro de tiro em Markopoulo e um centro de canoagem próximo ao antigo aeroporto internacional de Atenas estão atrasados.
Obras no transporte também estão fora do prazo e a preocupação também é grande com a acomodação, uma vez que a quantidade de vagas em hotéis não é suficiente para cobrir a demanda.
``A opção de ancorar cruzeiros no porto de Piraeus ainda existe, mas é uma solução cara'', afirmou o representante.
Como se as dificuldades nas obras não fossem suficientes, os esforços da Grécia em organizar os Jogos sofreram outra grande perda: o líder das Olimpíadas Culturais, o poeta Titos Patrikios, pediu demissão em dezembro, alegando querer mais tempo para escrever.
Os Jogos Culturais estavam entre os trunfos da Grécia na candidatura para a Olimpíada de 2004. Patrikios é o segundo diretor a deixar o cargo e ainda não foi substituído.