Oliveira Júnior
Cuiabá - O Mixto começou mal a temporada de 2002. Depois de ter sido eliminado
na Copa São Paulo de Juniores ainda na primeira fase, o Alvinegro de
Cuiabá levou o time Sub-17 ao Rio de Janeiro para a disputa da Taça
Rio de Futebol Juvenil. Classificado para as semifinais, com boa
campanha, veio a surpresa: o time foi eliminado do torneio por
decisão dos organizadores, acusado de ter utilizado jogadores
irregulares na competição (os famosos gatos, ou seja: atletas com
idade adulterada). Acabou perdendo de WO para o Flamengo-RJ. O jogo
deveria ter sido disputado domingo.
A notícia de que o clube teria utilizado "gatos" na Taça Rio surgiu
no início da semana e na quarta-feira o diretor do time, advogado Luiz Cézar
Pontes, comentou o assunto para a reportagem de A Gazeta.
Bastante
irritado, o dirigente não poupou críticas ao ex-técnico dom-bosquino
Bosco De Lamônica. "Foi o De Lamônica que ligou para lá, mandou um
fax para Miracema (cidade onde o time cuiabano estava disputando o
torneio), acusando o Mixto de ter oito jogadores irregulares", acusou.
Pontes disse que o time foi eliminado porque não teve como se
defender. "Não tínhamos documentos para provar que os garotos não
eram gatos e fomos eliminados. Íamos pegar o Flamengo no domingo e
viemos embora. Isso foi coisa montada. Isso é coisa de gente
desqualificada. Ele (De Lamônica) vai ter que provar isso agora, se
ele não provar vou processá-lo", ameaçou.
Pontes disse ainda que
conseguiu provar que seis atletas não estavam irregulares "porque estes
tinham a certidão de nascimento em mãos". Os jogadores Tatá e
Nilson "Maguila", supostamente nascidos em 1984, segundo
Cézar, "esqueceram a certidão de nascimento em Cuiabá".
O dirigente mixtense alegou ainda que "como a identidade dos dois
jogadores havia sido expedida recentemente, no início do ano, as
suspeitas aumentaram".
A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) confirmou a
eliminação do Mixto. Segundo Nilson Mattos, diretor geral da
competição, "o delegado nomeado pela federação na cidade de Miracema
decidiu pela eliminação. Nós não julgamos nada e ele teve liberdade
para tomar esta decisão, respaldado pela federação. A informação que
nós recebemos é que o Mixto tinha "gatos", sim".
Na quarta, novas versões apimentaram ainda mais a polêmica. O técnico Gil
Gusmão, do Uirapuru, disse que "os jogadores do Mixto eram "gatos" e
que um deles é filho do diretor mixtense, Luiz Cézar Pontes.
O ex-técnico João Bosco De Lamônica defendeu-se acusando o Mixto."Não
sei nem onde o Mixto estava. Fiquei sabendo pelos outros. Meu
sobrinho, o Babalu, me ligou à noite contando a história. Liguei para
o Jamil (Rodrigues, que trabalha nas divisões de base do Mixto)
contando o que ouvi. Alguém usou meu nome para me prejudicar. Eu não
tenho nada a ver com isso. Fiquei ciente de que havia "gato" no Mixto
através do próprio pessoal do Mixto, quando disputaram a Copa São
Paulo. Eu disse ao Jamil que me admirava de ele ter levado jogadores
irregulares, ele não faz isso. E tem mais: um deles é filho do
diretor do Mixto. Eles admitiram que tinham três "gatos". Se vieram
embora, confessaram o crime. Que foi feito "gato", foi", disse De
Lamônica.
Com a repercussão negativa para o clube, o diretor do Mixto, Luiz
Cézar Pontes, que é advogado em Cuiabá, ameaçou com represálias o
Jornal A Gazeta, de Cuiabá, que veiculou a matéria nesta quinta-
feira. "Se o meu nome for citado mais uma vez por vocês vou processá-
los", disse, nitidamente irritado, o dirigente.