São Paulo - Sonhar. Esse foi o verbo mais conjugado na volta ao Brasil pelos atletas que representaram o país no bobsled e luge nas Olimpíadas de Inverno de Salt Lake City. "Eu sonhei com isso durante muito tempo", disse Renato Mizoguchi, sobre a sua participação na equipe olímpica de luge.
Mas como diz o ditado popular -- sonhar não custa nada -, os atletas começam a ter planos mais ambiciosos. "Sonho em trazer uma medalha para o Brasil", disse Eric Maleson, 34 anos, líder da equipe de bobslead.
O principal problema é como tornar o tropical Brasil num celeiro para "craques da neve". "Temos que ter um trenó de rodas para treinarmos a largada, um dos fundamentos mais importantes do bobsled", afirmou Eric.
"Quero também ter uma equipe permanente de bobsled e participar da Copa Mundial em Lake Placid, em fevereiro de 2003".
Transformar tudo isso em realidade não será fácil. Mas ninguém se dá por vencido. Afinal, há pouco mais de seis meses, boa parte dos brasileiros que participaram dos Jogos de Salt Lake City nunca haviam visto neve.
Edson Bindilatti, Cristiano Paes, Matheus Inocêncio e Rodrigo Paladino vieram do atletismo, e para lá vão voltar.
Três deles lutam por índices no decatlon e nos 110 metros com barreira para disputarem as próximas Olimpíadas -- de verão, em Atenas. "Temos os melhores atletas do mundo", acredita Eric, "precisamos apenas de tecnologia".
Para isso, Eric sonha novamente. O carioca, que além de piloto de bobsled é presidente da Associação Brasileira de Luge e Bobsled, aposta que, com um trenó melhor, a equipe brasileira vai conseguir resultados bem melhores do que o 27o. nas Olimpíadas recém-terminadas.
"Queremos construir um trenó com tecnologia brasileira. Já entramos em contato com várias empresas", garante ele, que vai tentar aproveitar-se da boa divulgação que o esporte teve nas últimas semanas para sensibilizar os empresários.
"A Audi construiu o trenó da equipe suíça, a BMW o da Alemanha. Precisamos de um brasileiro, assim como o Emerson Fittipaldi fez com a Fórmula 1".