Buenos Aires - O medo da violência fez cair sensivelmente a procura por ingressos para o clássico Boca Juniors-River Plate, que será disputado no próximo domingo no estádio "La Bombonera", na sexta rodada do torneio Clausura argentino, como reconhecem os dirigentes de ambos os clubes.
Os assassinatos impunes de quatro pessoas neste ano e os choques entre torcidas e entre policiais e "barra bravas" (torcedores violentos) que deixaram outras quatrocentas feridas no mesmo período, além da falta de aplicação das leis por parte dos juízes, afugentaram os amantes do futebol dos estádios.
"O pico de violência fez com que pouca gente procurasse as bilheterias. Sem dúvida há certo temor dos torcedores e isso é compreensível", disse o presidente do Boca Juniors, Mauricio Macri, que espera que a situação melhore no domingo.
"O medo é real e nós, dirigentes, temos que fazer algo para resistir a isso", afirmou o presidente do River, Carlos María Aguilar.
Nos últimos anos, a demanda superou amplamente a oferta, o que muitas vezes provocou tumultos e desordens nas bilheterias; no entanto não ocorre o mesmo esta semana com os ingressos colocados à venda para a 170ª partida oficial entre as equipes mais populares da Argentina.
Por causa da violência, no domingo passado, na partida Chacarita-Boca Juniors disputada no estádio do San Lorenzo apenas 5 mil torcedores pagaram ingresso.
Apesar disso, a partida teve que ser interrompida duas vezes, a primeira durante doze minutos e a segunda durante oito, devido a um choque entre a torcida de Chacarita e a polícia e ao protesto dos repórteres que foram agredidos com pedradas pelos próprios torcedores.
Como conseqüência destes distúrbios, 42 torcedores detidos pela polícia foram autuados por "atentado e resistência à autoridade, lesões e danos ao Estado", todos delitos afiançáveis.
A polícia federal fará no domingo uma operação de segurança com 1.350 policiais. Os dirigentes do Boca Juniors anunciaram hoje que o estádio estará aberto quatro horas antes do encontro e recomendaram ao público buscar um lugar nas arquibancadas "o mais cedo possível" para evitar problemas.
O secretário de Segurança Interior do governo argentino, Juan José Alvarez, disse que "se no próximo fim-de-semana ocorrerem fatos graves haverá poucos argumentos para continuar jogando", com o qual advertiu que poderiam ser suspensos os torneios profissionais caso haja novos episódios violentos.
Aparentemente, o núcleo da torcida do Boca, integrado por torcedores que possuem antecedentes em rixas e atos violentos, não iria ao estádio com medo de uma operação supresa da polícia.
Também se acredita que alguns torcedores do River Plate conhecidos pelos dirigentes do clube e pela polícia por seus atropelos nos estádios ficarão em casa.