A curiosa mudança de nome da sede da Olimpíada de Inverno - e o que a Coreia do Norte tem a ver com isso
Esforço de cidade sul-coreana para sediar Jogos Olímpicos foi tamanho que até grafia de seu nome foi alterado para evitar transtornos e confusão aos visitantes.
O ano é 2014. O líder de uma tribo no Quênia tem de viajar a Pyeongchang, na Coreia do Sul, para participar de uma conferência das Nações Unidas, mas acaba chegando em outro lugar, relativamente não muito distante dali, mas bastante diferente: por engano, ele reservou um voo para Pyongyang, capital da Coreia do Norte.
"Pyongyang, Pyeongchang... Quem consegue notar a diferença?", disse Daniel Olomae Ole Sapit, da tribo queniana Maasai, após passar várias horas na capital norte-coreana explicando que, na verdade, tentava chegar à Coreia do Sul, segundo relatou o jornal americano The Wall Street Journal.
A curiosa (e verdadeira) anedota ajuda a explicar porque os organizadores dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 decidiram alterar a grafia, no alfabeto em latim, do nome da cidade que sediará a competição.
Em vez de se escrever Pyeongchang, como o nome sempre foi grafado ao longo da história, agora ele leva a letra "c" em maiúsculo, bem no meio: PyeongChang.
Com isso, o nome oficial da edição deste ano da Olimpíada de Inverno, que vai desta sexta até o próximo dia 25, é PyeongChang 2018.
As Coreias
A confusão com nomes das Coreias do Norte e do Sul é relativamente comum, até mesmo na hora de se referir à denominação oficial dos dois países.
República da Coreia é o nome oficial da Coreia do Sul, enquanto República Popular Democrática da Coreia é a denominação oficial da Coreia do Norte.
As duas nações eram uma só antes da guerra que resultou na separação delas em 1953. Desde então, esforços de reunificação foram ofuscados por temores constantes de guerra, como os resultantes da uma série de testes com mísseis nucleares comandados pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un, em 2017.
Pyongyang boicotou a Olimpíada de verão de 1988, em Seul, capital sul-coreana. Mas o esporte também já rendeu oportunidades de aproximação.
Na Olimpíada de Sydney, em 2000, as delegações das Coreias do Sul e do Norte marcharam juntas na cerimônia de abertura, um gesto que se repetiu em Atenas, em 2004, e nos Jogos Olímpicos de Inverno de Turim, em 2006.
A relação entre os dois países voltou a degringolar, principalmente a partir de 2015. Mas em seu discurso de Ano Novo na virada para 2018, Kim Jong-un se disse aberto a dialogar.
E, após negociações ao longo de janeiro, decidiu enviar uma delegação aos Jogos Olímpicos de Inverno deste ano na Coreia do Sul.