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Líbero e lançador, "goleiro-linha" Neuer brilha sem milagres

30 jun 2014 - 19h35
(atualizado às 19h41)
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<p>Goleiro alemão Neuer se destacou por cortar contra-ataques da Argélia</p>
Goleiro alemão Neuer se destacou por cortar contra-ataques da Argélia
Foto: Fabrizio Bensch / AP

Já faz tempo que a função do goleiro ultrapassou a capacidade de impedir gols. No futebol atual, em que a ênfase na troca de passes obriga muitas vezes um recuo sob pressão, e a linha defensiva adiantada deixa muito espaço atrás da zaga, o camisa 1 não pode mais ser apenas uma muralha sob as traves. E o alemão Manuel Neuer deu um exemplo perfeito do que o goleiro moderno deve ser nesta segunda-feira, com uma exibição primorosa na vitória por 2 a 1 sobre a Argélia, mesmo sem defesas milagrosas.

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É interessante observar o posicionamento de Neuer quando o adversário tem a bola. O goleiro da Alemanha fica sempre alerta, na linha da grande área, pronto para correr caso o rival consiga uma enfiada de bola por trás da defesa, que joga quase no meio-campo. Contra os argelinos, foram nada menos que cinco intervenções cruciais fora da área – a mais incrível, aos 45min do segundo tempo, quando parecia que ele não chegaria a tempo, mas conseguiu afastar o perigo antes da chegada de Feghouli.

A postura de Neuer é arriscada – um jogador adversário com mais categoria e tempo para pensar pode tentar encobrí-lo do campo de defesa –, mas é muito importante para o plano de jogo da Alemanha e do Bayern de Munique. No momento em que o adversário faz o lançamento, o goleiro já sai em disparada para chegar na bola antes do atacante. É efetivamente um papel de líbero, como se ele fosse um 11º jogador de linha atrás dos outros dez.

A categoria do arqueiro alemão com a bola nos pés também não pode ser ignorada. Os defensores  recuam a bola para ele sem medo nenhum, às vezes em posições perigosas, e o camisa 1 sempre busca devolver com um passe preciso, muitas vezes de primeira. Quando decide chutar para longe, raramente é uma bola sem direção: chamaram a atenção dois lançamentos primorosos com os pés para Schürrle e Müller no segundo tempo.

Defesas propriamente ditas, Neuer não precisou fazer nenhuma difícil na partida. Lidou apenas com chutes fracos e bolas que passaram raspando para fora, enquanto seu rival argelino M'Bolhi brilhou com reflexos espetaculares para evitar gols que pareciam certos – não conseguiu evitar o desvio fortuito de Schürrle, além de um contra-ataque mortal com Ozil e Müller na prorrogação.

Já Neuer não pode evitar o gol de Djabou, sofrido após a Alemanha abrir 2 a 0 e praticamente definir o confronto - o argelino recebeu cruzamente na pequena área e bateu sem chances de defesa para o alemão. Ainda assim fica difícil escolher qual dos dois goleiros teve o melhor desempenho na partida. Em uma era do futebol em que o jogo fica cada vez mais rápido e com mais demandas físicas e técnicas sobre todos os jogadores – independentemente da posição no campo –, Manuel Neuer mostra que a mais específica das funções do esporte também evoluiu.

Fonte: Terra
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