Saiba o que deu certo e o que deu errado na estreia da Arena das Dunas
Como é de praxe em eventos-teste, a Arena das Dunas mostrou falhas durante as primeiras partidas oficiais do novo estádio. O palco de quatro duelos da Copa do Mundo abriu as portas para cerca de 27 mil pessoas na rodada dupla com Copa do Nordeste e Campeonato Potiguar, no último domingo, e foi alvo de reclamações e elogios.
O principal problema foi a falha na leitura dos cartões de sócios-torcedores do América-RN, que tinham que pegar uma fila de mais de uma hora para (tentarem) resolver o erro da organizadora do evento. Além disso, outros aspectos como acessibilidade, principalmente, e acabamentos precisam de melhora.
Se algumas coisas deram errado, ao menos outras tanto funcionaram. A mais louvável é o gramado, perfeito e sem nenhuma falha para a partida inaugural. O atendimento à imprensa, o sistema de som, a iluminação, bares e banheiros também passaram no primeiro teste. Alguns aspectos, como a chegada e saída do estádio com capacidade cheia, não puderam ser testados, já que torcedores de América-RN e ABC, que dividiram a Arena, só assistiram, em sua maioria, aos jogos dos respectivos times.
Vale ressaltar que todos os defeitos encontrados no primeiro dia de eventos oficiais são normais e até previstos pelos organizadores do estádio. Até por isso, a Fifa pede a todas as sedes que entreguem as arenas com grande antecedência, para que os testes e possíveis ajustes possam ser feitos com folga.
Veja o que deu certo e o que precisa de melhora na estreia da Arena das Dunas:
O que deu certo:
- Atendimento à imprensa: o atendimento à imprensa, tanto local como nacional, foi muito bem feito pela equipe das OAS Arenas. O centro de mídia do estádio estava com as instalações prontas e a tribuna, apesar de ficar bastante lotada com o grande interesse pela partida, deu conta da demanda. A internet funcionou com rapidez do início ao fim do evento – um técnico no local ainda auxiliava os que enfrentavam problemas de conexão.
- Gramado: o campo de jogo estava impecável. A bola rolou com naturalidade e nenhuma falha pode ser observada. A OAS, construtora responsável pela obra da Arena das Dunas, parece ter aprendido com o erro cometido na Arena do Grêmio, que sofre desde então com um gramado deficitário após uma curta preparação.
- Bares e banheiros: há banheiros e bares por toda a volta do estádio, em cada um dos lances de arquibancadas. Não houve grandes aglomerações e filas fora do normal em nenhum momento. O estádio ainda educava as pessoas para comprar as fichas com antecedência e evitar mais filas.
- Sistema de som, telão e iluminação: em nenhum momento houve falha em nenhum dos três quesitos. O som era ouvido em todo estádio, assim como a iluminação, quando acionada ao anoitecer, não deixou a desejar.
- Informação aos torcedores: por todo o estádio, e fora dele – apesar de em menor quantidade –, existia a figura da equipe de apoio, que usava colete fluorescente e direcionava as pessoas para os portões corretos. Alguns, contudo, tinham que recorrer a mapas e se mostravam um pouco perdido na explicação – mas ela veio correta para o repórter em todos os momentos.
O que deu errado:
- Entrada de sócios do América-RN: um dos problemas que mais revoltou torcedores. Algumas carteirinhas de sócios, que têm direito à entrada, foram barradas nas catracas e as pessoas foram direcionados para uma fila de um hora, com apenas um guichê, para verificar o que havia acontecido.
- Acessibilidade: falhas graves foram mostradas neste quesito. Uma, por exemplo, foi a falta de escada e rampa pouco antes do portão M da Arena, fazendo os torcedores terem que descer um pequeno barranco. Outro problema identificado foi a falta de cadeiras de rodas – um menino de 10 anos com a perna direita quebrada esperou uma hora por uma cadeira de rodas prometida pela organização, até se cansar e ser carregado escada acima pelos pais e entrar com o jogo em andamento.
- Entorno do estádio: tapumes no entorno do estádio mostram que muitas obras viárias de acesso à Arena não estão prontas. “Desculpe o transtorno” é a frase mais lida ao chegar ao estádio. Governo e prefeitura vão precisar correr para entregar a tempo.
- Pedaços de estrutura soltos: a reportagem viu um funcionário da Arena receber, de um torcedor, um parafuso de ferro gigante achado dentro do estádio, que poderia ser usado em brigas. O objeto foi simplesmente jogado no lixo pelo organizador.
- Retoques no acabamento: antes da partida, operários da Arena ainda realizavam retoques, que estarão em constante aperfeiçoamento até a Copa do Mundo. O mais urgente, contudo, é o da parte lateral da cobertura, que precisa de um revestimento. A espuma interna isoladora de som ficou totalmente à mostra no último domingo.
*O repórter viajou a convite da OAS Arenas